Teatro Cacilda Becker recebe ensaios abertos da peça “Nerina – A Ovelha Negra”

Apresentações acontecem aos sábados e domingos entre 4 e 12 de fevereiro

Antes da estreia do novo espetáculo do Maracujá Laboratório de Artes, o público tem a oportunidade de assistir a quatro ensaios abertos de “Nerina – A Ovelha Negra”. Baseada no livro de mesmo nome de Michele Iacocca, a peça aborda, de maneira lúdica e com acompanhamento musical, o tema do racismo. As apresentações acontecem aos sábados e domingos, entre os dias 4 e 12 de fevereiro, no Teatro Cacilda Becker.

Na trama, uma ovelha é expulsa de seu rebanho por ser diferente de todas as outras. Sozinha, ela cruza em seu caminho com um lobo mau, que a tenta convencer a agir contra aquelas que a expulsaram. Entretanto, a ovelha negra irá descobrir que a vingança não é solução e que ela tem, sim, capacidade de fazer a diferença.

Para o diretor e dramaturgo Sidnei Caria, o espetáculo fala sobre intolerância racial, mas provoca reflexões para além desse tema. “Esta peça é adaptada de um livro que fala sobre racismo numa linguagem voltada para as crianças, mas sem deixar de abrir um grande espaço filosófico para os adultos”, explica. Uma das figuras centrais nesse processo é o lobo. Esse vilão acaba, paradoxalmente, ensinando a ovelha a ter mais autoestima e força – só que através de certa agressividade. A ovelha, entretanto, descobre em si uma potência que a leva a usar esses atributos para proteger o rebanho, e não condená-lo, como pretendia o lobo mau. “Esta parte da narrativa mostra o perigo de uma das possíveis consequências da ignorância, que faz alguém expulsar o outro pela sua diferença”. A ignorância, que na peça remete ao rebanho que enxotou a ovelha negra, poderia resultar no desencadeamento do medo e, consequentemente, do ódio, se não fosse pelo discernimento da protagonista.

No palco, os atores estão todos vestidos de ovelhas. “Criamos esse universo lúdico, mas sem deixar de mostrar que o problema é de humanos”, afirma Caria. “As crianças vão ver aquela menina negra vestida de ovelha negra não sendo aceita por aquelas pessoas brancas vestidas de ovelhas brancas”, conclui o diretor.

Por Gabriel Fabri