Garagem 21 apresenta montagem sobre clássico de Samuel Becket

"Esperando Godot" aborda questões filosóficas como a da existência humana

 O Teatro Cacilda Becker recebe a apresentação da peça “Esperando Godot”, considerada um clássico do teatro mundial, encenado pela Cia Garagem 21, dia 31 de março. O espetáculo conta a história de dois homens que aguardam a chegada de alguém que eles não sabem muito bem de quem se trata. Durante a espera, os dois dialogam sobre a vida e discutem questões filosóficas.

“Esperando Godot” foi a primeira peça a ser produzida pelo dramaturgo inglês Samuel Becket, publicada e apresentada pela primeira vez em Paris no ano de 1952. No Brasil, a primeira montagem do texto aconteceu três anos depois, com a direção de Alfredo Mesquita, na Escola de Arte Dramática da USP. “Esperando Godot” é considerada, até hoje, uma das principais obras do Teatro do Absurdo, gênero que nasceu do surrealismo na França, sob forte influência do drama existencial.

Nos palcos desde Novembro de 2016, ‘Esperando Godot’ estreou depois dois anos e meio e ensaios e ajustes da Cia Garagem 21. E está não é a primeira vez que o grupo é influenciado por Becket. De acordo com o diretor César Ribeiro “Beckett faz parte da atenção do grupo há mais de 15 anos, por meio de peças que surgiram inspiradas nessa dramaturgia, como Sessenta Minutos para o Fim (2009), que cruzava Fim de Partida (S. Beckett) com O Arquiteto e o Imperador da Assíria (Fernando Arrabal), e Diálogo Inútil do Abismo com a Queda (2001), com influências de diversas peças de Beckett. O grupo também encenou Fim de Partida, no Festival de Teatro de Curitiba de 2011”

Em meio a um tempo de crise política e econômica mundial, a peça traz uma reflexão sobre o comportamento da humanidade. Para César:“a reflexão vem tanto numa forma que revela o patético das relações humanas individualistas e a desconexão com o tempo presente, quanto de uma ética que mostra o indivíduo reduzido a escombros de uma sociedade que pensa a economia acima de tudo”. Um dos motivos para assistir ao espetáculo, segundo César “está na renovação da linguagem cênica e no enfoque dado a questões como a desumanização e o domínio das corporações sobre o indivíduo”.

Uma curiosidade sobre a peça é que ela foi a última em que a atriz Cacilda Becker atuou. Durante uma apresentação no dia 6 de maio, Cacilda sentiu-se mal e foi imediatamente levada para o hospital, ainda em trajes do espetáculo. Ela foi diagnosticada com derrame cerebral e após permanecer em coma por 38 dias, faleceu em 14 de junho de 1969.

Serviço: Teatro Cacilda Becker. R. Tito, 295, Lapa. Zona Oeste. | tel. 3864 – 4513. De 31/03 a 23/04. Sex. e Sáb., às 20h:00 Dom., às 19h:00 duração: 140mi. + 12 anos. R$20,00