Conto de Oscar Wilde inspira peça “O Aniversário da Infanta”

Espetáculo infantojuvenil é apresentado a partir do dia 15 no Teatro Paulo Eiró

Uma princesa dá uma grande festa no seu aniversário de 12 anos. Na ocasião, ela recebe um anão, que todos consideram muito feio. Ele, entretanto, nunca viu o seu reflexo e, portanto, não percebe que as pessoas ao redor zombam dele e de sua aparência – inclusive a infanta, por quem o anão se apaixona. Essa é a premissa do conto de Oscar Wilde que inspirou a peça homônima “O Aniversário da Infanta”, da Cia Teatro do Bando. O espetáculo, com direção de Mariana Leme, fica em cartaz entre os dias 15 de abril e 14 de maio, no Teatro Paulo Eiró.

Voltada para crianças de 5 a 10 anos, a montagem optou por dar destaque à figura da infanta. Sem colocar a garota no papel de vilã, retratando-a como uma típica pré-adolescente, a peça explora, de maneira bem-humorada, aspectos da narrativa de Oscar Wilde relacionados a essa fase de crescimento. “Nós mostramos a ausência paterna e a importância da presença dos pais”, explica a diretora. “A garota é criada apenas pelo pai, e este tem dificuldade de dar o amor e a atenção que ela precisa”. Outro tema trabalhado na peça é a questão da morte, uma vez que um personagem morre de coração partido. “Tentamos explicar o que é a morte para as crianças, mostrando-a de maneira simbólica”.

O conto original, que também inspirou a ópera “O Anão”, de Alexander von Zemlinsky, foi escrito por Wilde para os seus dois filhos pequenos, em 1888. O escritor retomaria o tema das aparências em sua obra mais famosa, o romance “O Retrato de Dorian Gray”. Esse assunto, entretanto, não é mostrada de maneira tão dura na peça. “A gente suavizou um pouco esse aspecto”, afirma Mariana. “Oscar Wilde é intenso”.

Entretanto, a diretora conta que a questão da imagem está presente em muitas brincadeiras da peça: a própria escolha de Vitor Amato para interpretar o anão desestabiliza a percepção das aparências, uma vez que não foi escolhido um ator de baixa estatura para interpretar o personagem. “Brincamos também com os conceitos do que é feio e do que é bonito”, conclui Mariana.

Por Gabriel Fabri

| Teatro Municipal Paulo Eiró. Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Zona Sul. | tel. 5546-0446 e 5686-8440. De 15/4 a 14/5. Sáb. e dom., 16h. R$ 16