Aracy de Almeida é tema de monólogo no Teatro Alfredo Mesquita

Em cartaz até dia 23 de abril, “Araca” tem texto e direção de Elias Andreato e traz Raphael Gama no papel da sambista

 Uma das artistas mais controversas do país, a cantora Aracy de Almeida foi considerada, nos anos 1930, a maior intérprete de Noel Rosa. O próprio compositor a considerava uma “verdadeira sambista”, e não Carmen Miranda, a quem não admirava como intérprete do gênero musical. Polêmicas à parte, Aracy gravou alguns dos sucessos mais notórios do compositor carioca, como “Feitiço da Vila” e “Último Desejo”.

De repente, o sucesso foi minguando e a artista só não caiu no esquecimento total, como muitas outras Rainhas do Rádio da época, por fazer shows em espaços alternativos e por integrar, nos anos 70 e 80, o jurado do Programa de Calouros de Silvio Santos. Distante da figura delicada da década de 30, agora, com um aspecto masculinizado, de voz rouca, usando enormes óculos escuros e sempre mal-humorada (pelo menos, era essa a imagem que queria passar), Aracy lançou motes que a destacavam dos outros jurados, como “Na Glória” (extraído da canção “A Voz do Morto”, de Caetano Veloso, que gravou), e, quando não gostava do calouro, "Não gostei, 10 pau!" (quantia mínima que o participante podia ganhar).

Essa mulher fascinante, que foi considerada pela crítica especializada “O samba em pessoa” e que teve um fim de carreira pouco glamouroso, beirando a caricatura, chamou a atenção do dramaturgo e diretor Elias Andreato, que convidou o ator Raphael Gama para viver a cantora em “Araca” (apelido dados pelos amigos), espetáculo em cartaz no Teatro Alfredo Mesquita, até o dia 23 de abril. Andreato escreveu o texto baseado em depoimentos da mesma e chamou o músico Jonatan Harold para fazer os arranjos.

Em cena, são relembrados os últimos shows da sambista, quando se apresentava em casas como a Lira Paulistana, sua fase de jurada, sua relação com Noel Rosa e as polêmicas opiniões sobre sociedade, sexualidade, casamento e personalidades com quem conviveu, entre elas Caetano Veloso e o próprio Silvio Santos.

Por Luiz Quesada

Serviço: Teatro Municipal Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte. Tel. 2221-3657. De 31/3 a 23/4. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. +12 anos. R$ 20