Dois sujeitos esfomeados pedem refúgio em uma mansão isolada e são confundidos pelos anfitriões com líderes militares. Essa é a premissa da comédia “Burundanga”, com direção de Paulo Olyya. Escrita pelo dramaturgo Luís Alberto de Abreu, a peça, cujo nome significa “confusão” ou “trapalhada”, faz curta temporada no Teatro Paulo Eiró, entre os dias 1º e 24 de setembro.

O diretor explica que o espetáculo promove uma reflexão sobre as relações de poder. “Fica evidente que existe um establishment político que quer se aproveitar da chegada dos pretensos revolucionários na cidade e usá-los para aumentar sua influência na região”, afirma Olyya. Além disso, há um desentendimento entre os dois falsários e logo um deles acaba sendo seduzido pelo poder – de oprimido, o personagem se torna opressor. “’Burundanga’ aponta que o poder pode corromper, independentemente da classe social”, pontua o diretor.

Olyya acredita que o mais provocador no espetáculo é a maneira como as traições, as alianças e as conspirações se desencadeiam no texto. “Elas acabam servindo de espelho para muitos vícios que encontramos hoje na classe política”, explica. “É preocupante o fato de que a peça foi escrita em 1994 e ainda tem situações extremamente atuais”, conclui.

Por Gabriel Fabri