Irmãs Klink participam de encontro do programa Biblioteca Viva

Filhas do navegador Amyr Klink falam sobre as experiências adquiridas durante viagens à Antártica

Viajar pelos mares não é só uma paixão de Amyr Klink, o mais importante navegador da América do Sul. Suas filhas Laura, Tamara e Marininha herdaram o mesmo entusiasmo do pai e hoje – também com o apoio da mãe, Marina–, já contam com sete viagens feitas somente ao Polo Sul, que resultaram no livro infantil “Férias na Antártica” (Editora Peirópolis). A obra reúne histórias de algumas dessas experiências, além de um site com relatos de outras viagens realizadas em família (http://www.irmasklink.com.br/).

No mês de junho, integrando o programa Biblioteca Viva, da Secretaria Municipal de Cultura, as jovens navegadoras compartilham suas experiências de viagem a bordo de um veleiro, em encontros que acontecem aos fins de semana em seis bibliotecas públicas. Sem utilizar projetores, elas recorrem a fotos do acervo pessoal e estimulam o empréstimo de todos os livros da família que pertencem ao acervo das bibliotecas, entre eles relatos do pai e livros de fotografias da mãe.

Confira abaixo a conversa com as três irmãs.


Qual foi a primeira viagem que vocês fizeram?
Laura: Foi em 2007. No começo, nosso pai achava que éramos muito pequenas para viajar. A gente sempre ficava na areia da praia dando tchau e permanecíamos meses sem ver ele. Crescemos e, um dia, nossa mãe falou: “está na hora de elas irem junto”.

Marininha: Nunca tinha passado pela cabeça dele levar a gente para uma viagem mais longa. Acho que nossa mãe sentiu um pouco do que a gente passava quando ele ia embora nas suas viagens. No começo, ele não gostou, ficou muito preocupado porque qualquer coisa que desse errado seria culpa dele.

E de onde surgiu a ideia de promover encontros para falar sobre as viagens?
Laura: Fizemos uma viagem que teríamos que faltar um mês na escola, a gente ia repetir de ano. Então nossa mãe fez um acordo de que faríamos uma apresentação para mostrar para os alunos o que a gente aprendeu na viagem. Fizemos para nossa sala e depois para outras turmas, e isso foi crescendo. Percebemos que de nada adiantaria fazer essas viagens se não compartilhássemos com outras pessoas.

Como surgiu o livro “Férias na Antártica”?
Tamara: Minha mãe exigia que fizéssemos um diário de bordo para ter nossa própria soma de relatos pessoais. O registro de viagem é o papel central de todas as experiências; se a gente se propõe, todo dia, a sentar, escrever e desenhar, a gente para e pensa no que está ao nosso redor.

Laura: A mãe falava: “vocês podem escrever em tópicos, fazer desenhos, registrar de modo que se lembrem de tudo o que aconteceu naquele dia”. Quando a gente lê os diários, refletimos sobre o que aprendemos. Foi por causa desses registros que conseguimos fazer o livro.

Como vocês fazem as divisões de tarefa no barco?
Laura: Num barco, se você não contribui, acaba se tornando um peso morto. Cada um ali é capaz de ajudar, mesmo que seja inábil em um aspecto, é hábil em outro. A gente começou com tarefas mais fáceis, como limpar o barco, fazer comida, depois pilotar, ficar na cabine de comando com o meu pai, e isso foi aumentando a cada viagem, a responsabilidade foi crescendo. Só que um barco não é uma casa flutuante, porque se acontece um problema, não tem como chamar um eletricista, por exemplo. Temos que conhecer o barco ao máximo e isso é uma responsabilidade.

Marininha: A gente foi se colocando em situações em que desenvolvemos muita autonomia. Conforme as viagens passavam, fomos percebendo que num barco não tem como ficar passivo, o tempo inteiro coisas precisam ser feitas para que a organização seja mantida.

Tamara: Os compartilhamentos são com as pessoas que estão contigo, não tem internet. Lá só tem a gente; se tem oito pessoas, essas são as oito pessoas mais importantes do mundo. E todos dependem de todos.

E como foi a viagem para a Antártica?
Laura: Já fomos sete vezes para lá. Na primeira não sabíamos muito o que esperar, estávamos bem curiosas. Até fizemos uma aposta de quem via o primeiro iceberg e, quando a gente viu, foi muito emocionante. De repente, começamos a ver baleias, um grupo de oito orcas acompanhou o barco, pinguins...

Qual foi um grande aprendizado da Antártica?
Laura: Uma das coisas é não chamar os animais de “fofinhos” ou “bonitinhos”, porque assim você se torna cega à biologia do ambiente, não entende o lugar em que está. Então tem que chamar pelo nome das espécies. Mudamos para algo como “Nossa, que pinguim interessante!”. De que adianta ir até um lugar em que você não conhece as espécies? São muitos detalhes que se tornam aprendizados.

Marininha: Todo mundo respeita muito aquele ambiente. É um lugar em que se consegue ver quão facilmente o ser humano impacta a natureza, pois é um local muito intocado, isolado. O impacto que você gera fica muito evidente

É um aprendizado para a vida?
Tamara: Apesar da Antártica parecer distante, o aprendizado não está longe do que vivemos, as coisas que temos que resolver têm a ver com a dinâmica das pessoas.

Laura: As viagens não precisam acabar quando a gente chega em casa, elas podem continuar, levando as experiências para outras pessoas. É importante entender o que a gente ganhou com aquilo e pensar em como passar isso para os outros. Fora que a gente percebe nosso impacto no ambiente e precisamos contribuir para que nossa influência seja boa.

Biblioteca Viva
O programa Biblioteca Viva busca revitalizar as bibliotecas municipais de São Paulo, apostando no papel cultural do livro e na importância do incentivo à leitura na formação dos cidadãos, com ações como a ampliação do horário de funcionamento, disponibilização de wifi livre, nova categorização dos livros e oferta de programação cultural regular, especialmente nos fins de semana.

Você encontra em nossas bibliotecas
“Mar sem Fim”, Amyr Klink (Companhia das Letras)
“As Janelas do Paratii”, Amyr Klink (Companhia das Letras)
“Paratii – entre Dois Polos”, Amyr Klink (Companhia das Letras)
“Cem Dias entre Céu e Mar”, Amyr Klink (José Olympio)
“Linha D'Água – entre Estaleiros e Homens do Mar”, Amyr Klink (Companhia das Letras)
“Férias na Antártica”, Laura, Tamara e Marininha Klink (Editora Peirópolis)
“Antártica - a Última Fronteira”, Marina Bandeira Klink (Editora Brasileira)
Encontre essas obras na biblioteca mais próxima: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/

Por Luísa Bittencourt

Serviço:

| Biblioteca Pública Municipal Raul Bopp (Temática em Meio Ambiente). R. Muniz de Sousa, 1.155, Aclimação. Ao lado do Parque da Aclimação. Zona Sul. | tel. 3208-1895. Dia 3, 11h.

| Biblioteca Pública Municipal Viriato Corrêa. R. Sena Madureira, 298, Vila Mariana. Zona Sul. | tel. 5573-4017 e 5574-0389. Dia 3, 15h.

| Biblioteca Pública Municipal Roberto Santos. R. Cisplatina, 505, Ipiranga. Zona Sul. | tel. 2273-2390 e 2063-0901. Dia 4, 11h.

| Biblioteca Pública Municipal Padre José de Anchieta. R. Antônio Maia, 651, Perus. Zona Norte. | tel. 3917-0751. Dia 10, 11h.

| Centro Cultural da Juventude - Biblioteca Pública Jayme Cortez. Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha. Próximo do Terminal de Ônibus Cachoeirinha. Zona Norte. | tel. 3984-2466. Dia 10, 15h30.

| Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato. R. General Jardim, 485, Vila Buarque, Centro. | tel. 3256-4122, 3256-4438 e 3256-4038. Dia 11, 11h.
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