CCSP recebe debate com diretor da animação inédita “Lino”

Encontro com Rafael Ribas acontece no dia 29 e integra a programação da 25ª edição do Festival Anima Mundi

Um animador de festas frustrado transforma-se na sua própria fantasia: um gato vermelho e amarelo de dois metros de altura. Esse é o ponto de partida da animação brasileira “Lino”, dirigida por Rafael Ribas (de “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes”), que chega aos cinemas em setembro. Integrando a 25ª edição do Festival Anima Mundi, o cineasta participa de um debate sobre o filme nesse sábado, dia 29 de julho, no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Para o diretor, trata-se de um filme sobre aceitação. “O personagem não aceitava o próprio trabalho e vai ter que passar por uma jornada para enxergar o quão importante é a função dele”, explica Ribas. Para criar Lino, o diretor se inspirou em um colega de infância que trabalhou fantasiado em uma feira e detestou a experiência. “As crianças puxavam o rabo da fantasia dele o tempo todo”, afirma. O personagem, que inicialmente seria um coelho, passou por várias fazes de planejamento, o que incluiu testes de audiência com crianças para escolher a melhor cor para o animal.

Dando voz ao personagem-título, Selton Mello esteve envolvido com o projeto desde o início. Seu trabalho foi o de gravar a voz original, um processo diferente da dublagem, pois é anterior à animação. “Nós precisávamos de alguém que fosse um bom ator, porque o animador vai pegar a essência dessa atuação para dar vida ao personagem”, explica Ribas, que se diz impressionado com o trabalho do ator na dublagem de “A Nova Onda do Imperador”, filme de Mark Dindal. Além de Mello, as atrizes Paolla Oliveira e Dira Paes também gravaram vozes originais para o filme.

Após o trabalho com “O Grilo Feliz e Os Insetos Gigantes”, Ribas estava preocupado em atingir um público maior do que crianças de até oito anos. Por isso, foi analisar animações estrangeiras de sucesso para identificar os elementos que as tornam tão atraentes. “Na essência, é ter uma história bacana que não seja só para crianças”, explica. “Você percebe que tem muita piada voltada para os pais, um ritmo legal e um pouco de emoção no final”. Mesmo com um orçamento apertado – aproximadamente três milhões de dólares, enquanto um filme da Pixar chega a U$200 milhões - Ribas estava destinado a entregar um filme que pudesse competir de frente com a produção estrangeira. “Eu queria que depois do ‘Lino’ as pessoas parassem de falar ‘nossa, parece um filme americano’, e falassem ‘mais um filme nacional de qualidade’”, conclui.

Por Gabriel Fabri