Exposição do fotógrafo Valerio Bispuri comemora Ano da Itália na América Latina

“Mirada Interior” fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo de 10 de abril a 5 de junho

Inédita no Brasil, a exposição “Mirada Interior”, do fotógrafo italiano Valerio Bispuri, é parte da programação que comemora o Ano da Itália na América Latina, celebrado em 2015-2016. O evento é promovido pelo Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália e a exposição fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo (CCSP) de 10 de abril a 5 de junho.

Bispuri tem como marca a intensidade narrativa e o olhar sensível sobre temas sociais complexos e situações de segregação, conferindo valor antropológico e jornalístico à sua produção. Composta por 44 fotografias, a mostra inclui uma seleção de quatro de seus mais importantes trabalhos: “Encerrados”, que reúne registros de 74 prisões na América do Sul, incluindo o Brasil; “Paco”, que traz retratos de consumidores da droga de mesmo nome, produzida com resíduos de cocaína; “Gitanos”, série de imagens da vida de ciganos na Bósnia e em cidades italianas; e “História de Betania”, composta por fotos de gestos e carícias da intimidade homossexual feminina.

Na abertura da exposição, no dia 10, o fotógrafo realiza uma palestra sobre o seu trabalho com a imagem e sobre a profundidade na fotografia de hoje. Nascido em Roma, Bispuri já publicou em veículos como L’Espresso, Il Venerdì, Internazionale, Le Monde e Stern, e traz em seu currículo prêmios como o Latin American POY 2011, Sony World Photography Award 2013, Days Japan International Photojournalism Awards 2013 e 2014 POY.

A realização do evento é do Istituto Italiano di Cultura de São Paulo - órgão oficial do governo italiano, criado em 1948. O objetivo é fortalecer as relações culturais, sociais, econômicas e políticas entre os países envolvidos. No Brasil, os eventos seguem até o mês de agosto e a agenda está disponível no site www.annoitaliaamericalatina.it.

Confira a entrevista com o fotógrafo:

O que significa “Mirada Interior”?
É um olhar para dentro. Eu acredito muito que, na fotografia de hoje, a profundidade é importante: deve-se ter um conteúdo acima de tudo, não apenas estética. Assim, no meu trabalho, procuro sempre ver o homem em profundidade. É como entrar nas pessoas ou no objeto a ser fotografado.

O que te motiva a iniciar um trabalho tão denso, com temáticas fortes?
A ideia é mostrar as coisas que não são conhecidas, aquelas histórias que o mundo não quer que sejam vistas. Por exemplo, a vida das pessoas que têm a liberdade cerceada, como no cárcere, ou que se perdem na droga, ou que vivem em outro estado emotivo. Aquilo que me move é contar isso com profundidade.

Qual é o fundamento principal do seu trabalho?
Para mostrar a realidade, preciso antes compreendê-la. Em “Encerrados”, passei 10 anos fotografando 74 cárceres. O trabalho com a droga Paco durou 13 anos, e com as lésbicas durou 6 anos.

Qual a relação entre a América Latina e a Itália na arte? O que te inspirou a trabalhar aqui?
A América Latina e a Itália são muito parecidas em várias coisas. Penso que tanto no bem quanto no mal ambos são passionais e cheios de realidades. Além disso, muitos países da América Latina têm a presença dos italianos, sobretudo a Argentina, onde vivi por 10 anos. Creio que a arte e o modo de viver se espelham muito e não é por acaso que escolhi esse continente para o meu trabalho.

Por Fernanda Matricardi

Serviço:
| Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso. Centro. De 10/4 a 5/6. Grátis.
| Sala de Debates - Centro Cultural São Paulo. Palestra. Dia 10/4, 18h. Grátis.

Classificação: livre.