Pouco a pouco, a figura do negro e a sua importância na formação cultural brasileira vêm sendo resgatadas em inúmeros debates e, principalmente, manifestações culturais, ganhando cada vez mais espaço. Exemplo disso é a exposição fotográfica “Atavos”, em cartaz até o dia 10 de junho, no Centro Cultural do Jabaquara. Na mostra 20 mulheres negras são fotografadas junto a imagens de suas antepassadas feitas no século XIX, todas submetidas à escravidão. O trabalho, da pesquisa à curadoria, é da artista chilena Pola Fernandez, radicada no Brasil desde 1979.

A fotógrafa explica que o nome da exposição vem da palavra “atavismo”, também conhecido como hereditariedade. “Significa o reaparecimento de características de um ascendente remoto e que permanecem latentes por várias gerações”, afirma Pola. Ela conta que seu interesse pela memória da mulher negra brasileira teve início ao entrar em com imagens de amas de leite, escravas que amamentavam os filhos de seus senhores. “Ao ocupar o papel de mãe preta da criança branca, a escrava teve negada a sua possibilidade de ser mãe e cuidar de seu próprio filho”, diz.

Em “Atavos”, cada participante escolheu uma foto com a qual se identificasse e que julgavam possuir características semelhantes às de seus ancestrais. Algumas das retratadas têm mais de 60 anos e constituem a geração mais próxima de seus antecedentes escravos. Inclusive, muitas ainda se lembram de suas avós e bisavós, estando, portanto, a escravidão ainda viva em suas memórias.

Serviço: Exposição Atavos - Um Reencontro de Ancestralidades Perdidas. Centro Cultural do Jabaquara. Rua Arsênio Tavolieri, 1 – Jardim Oriental. Tel.: 5011-7445. Até dia 10/06. De Ter. a Dom., das 8h às 22h.Grátis.