Mostra sobre Thom Andersen traz documentários inéditos e debate com presença do diretor

“Hollywood e Além: O Cinema Investigativo de Thom Andersen” fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo entre 8 e 18 de julho

Pouco conhecido no Brasil, o cineasta estadunidense Thom Andersen ganha uma mostra no Centro Cultural São Paulo (CCSP) no mês de julho. Entre os dias 8 e 18, “Hollywood e Além: O Cinema Investigativo de Thom Andersen” exibe 11 filmes do diretor, além de sete títulos de outros cineastas contemporâneos que dialogam com sua obra. Dos 18 curtas e longas-metragens selecionados, 14 são inéditos no país. Junto com a sua esposa e colaboradora, Christine Chang, Andersen vem ao Brasil para participar de um debate no dia 14.

 Além de cineasta, Andersen é também professor universitário e pesquisador, com foco em temas relacionados ao cinema moderno, em especial o de Hollywood. Para os curadores da mostra, Aaron Cutler e Mariana Shellard, esse é um diferencial do diretor, que pesquisa os temas por muitos anos antes de eles se transformarem em filmes. “Ele também é um cinéfilo e acredita no poder de transformação do cinema”, afirmam os curadores. “Muitos de seus filmes soam como declarações de amor e estimulam o público a refletir e a se envolver com o que está sendo mostrado”, completam, citando como exemplo o mais recente deles, “Os pensamentos que outrora tivemos” (2015), um estudo das teorias sobre cinema do filósofo francês Gilles Deleuze. O filme é exibido nos dias 8 e 14.

Entre os destaques da mostra, está o longa-metragem “Los Angeles por ela mesma”, que analisa a relação entre a cidade californiana e a indústria cinematográfica de Hollywood. O documentário, exibido nos dias 9 e 15, costura cenas de filmes produzidos entre 1930 e 2000, com clássicos como “Pacto de Sangue” (1944), de Billy Wilder, e “Chinatown” (1974), de Roman Polanski. “Ele é estruturado tematicamente, abordando o urbanismo, a arquitetura, os cargos públicos, o acrônimo “L.A.”, entre outros temas que evidenciam a distorção da indústria cinematográfica sobre a cidade”, explicam Aaron e Mariana. Eles destacam também o bom humor do filme, uma característica da filmografia do cineasta como um todo. “Seu senso de humor ácido e sua curiosidade intensa resultam em obras extremamente interessantes com abordagens inusitadas”, completam.

Uma característica da obra de Andersen é a forma como explora a presença do racismo, do sexismo e da injustiça social no cinema de Hollywood. “Ele possui uma política humanista e faz críticas severas à indústria cinematográfica americana, que cada vez mais desumaniza o cinema”, pontuam Aaron e Mariana. Entretanto, ao mostrar trechos de filmes mais recentes, o cineasta busca também destacar aqueles que oferecem desafios e esperanças ao público. “Hoje, o cinema em geral vive um período muito complicado que recai para dois extremos, o do politicamente correto e o da violência extrema e gratuita. Ambos conduzem para uma alienação absoluta”, acreditam os curadores. Para eles, Andersen procura mostrar que existem caminhos além dessa dicotomia para o cinema seguir.

Por Gabriel Fabri