Quando esteve no Brasil para divulgar seu mais recente longa-metragem, o faroeste “Os oito odiados”, o cineasta Quentin Tarantino não escondeu o seu desprezo por Spike Lee. Questionado durante a coletiva de imprensa sobre a possibilidade de trabalhar com o diretor de “Malcolm X”, ele respondeu de supetão: “Nunca!”. Depois, provocou: “O dia em que eu trabalhar com ele será o dia mais feliz de sua vida”. Tarantino afirmou ainda que, uma vez que planeja dirigir apenas mais dois filmes, não iria desperdiçá-los em uma parceria com Lee, a quem descreveu com um palavrão. Aproveitando a rixa pública entre os dois cineastas, o Centro Cultural São Paulo promove a mostra “Spike Lee Vs. Tarantino”, em cartaz na Sala Lima Barreto entre os dias 28 e 31 de julho.
A desavença entre os dois não é de hoje. Em 1997, Lee criticou Tarantino na ocasião de lançamento do filme “Jackie Brown”. A queixa era que o longa usava muito a palavra “nigger”, uma gíria para “negro” que é considerada extremamente ofensiva se falada por brancos. Tarantino afirmou que não era ele falando e sim os seus personagens. Depois, em 2012, Spike tachou “Django Livre” de “desrespeitoso”, apesar de admitir que não tinha visto o filme –“e nem iria”. Uma vez que “Django” foi inspirado nos faroestes italianos, os chamados #westerns spaghetti#, Lee afirmou que a história da escravidão não era um filme de Sérgio Leoni (“Por um punhado de dólares”) e sim um holocausto. Tarantino, em resposta, disse que não iria pegar mais leve com o tema ou mentir sobre ele, e que nenhuma crítica mudaria uma palavra de seus roteiros. Os dois longas mencionados podem ser vistos na mostra.
A programação selecionou ao todo 11 filmes –seis de Quentin Tarantino e cinco de Spike Lee. Do primeiro, são exibidas suas três primeiras obras: “Cães de aluguel”, “Pulp fiction” e “Grande Hotel”, além de “Kill Bill volume 1”. De Lee, os clássicos “Faça a coisa certa” e “Febre da selva”, além de longas mais recentes, como o suspense “O plano perfeito”, estrelado por Jodie Foster e Denzel Washington, e “Oldboy - Dias de vingança”, #remake# do filme sul-coreano dirigido por Park Chan-wook.
Por Gabriel Fabri