Mostra de Cinema Chinês traz ao CCSP títulos inéditos no Brasil

Em sua 3ª edição, evento acontece entre os dias 29 de setembro e 8 de outubro

Premiado pela crítica no Festival de Toronto, o longa-metragem “Eu Não Sou Madame Bovary”, de Feng Xiaogang, foi o escolhido para abrir a 3ª Mostra de Cinema Chinês, que acontece entre os dias 29 de setembro e 8 de outubro, no Centro Cultural São Paulo (CCSP). O drama de uma camponesa acusada de adultério é apenas um dos 12 títulos que compõem a Mostra – todos inéditos no Brasil.

Filmado com uma câmera circular, o que resulta em um enquadramento incomum, o longa-metragem de Xiaogang tem roteiro de Zhenyun Liu, adaptando o próprio livro, “Eu não matei meu marido”. Liu e sua filha, a cineasta Yulin Liu, participam de um debate no dia 29, após a exibição de “Alguém para Conversar”, filme de estreia de Yulin e também uma adaptação de um romance do pai, “O Mundo Vale Dez Mil Palavras”. A obra retrata uma geração de jovens que esqueceram como conversar um com os outros.

Um dos curadores da Mostra, Carlos Gabriel Pegoraro conta que todas as gerações de cineastas contemporâneos fazem filmes que relembram, de algum modo, a história chinesa. “A primeira geração foi fortemente influenciada pela ditadura do Partido Comunista Chinês (PCC), sob comando de Mao Tsé-Tung, e pela Revolução Cultural”, explica. Foi só após a morte de Mao que o Instituto de Cinema Chinês foi criado, em 1978 – mesmo assim, os cineastas ainda sofreram com a censura, tendo que produzir muitas vezes com capital estrangeiro. Com a censura perdendo força nos últimos dez anos, as gerações mais novas, contempladas na Mostra, mantiveram o tom político dos filmes das anteriores.

Questionado sobre as diferenças e semelhanças entre os cinemas da China e de outros países orientais como Japão e Coreia do Sul, o curador Célio Franceschet explica que as três filmografias possuem filmes com maior apelo internacional e outros que ficam restritos ao mercado doméstico – filmes de gênero, em especial o de ação, e filmes independentes compõem esse panorama. “Há, no entanto, uma idiossincrasia do cinema asiático que vem de suas raízes culturais - a ópera e a literatura wuxia, o kung fu, a pintura, e, por fim, as várias fases políticas pelas quais a China passou. De alguma forma, tudo isso reverbera na estética e no conteúdo dessas gerações de cineastas”, conclui.

Por Gabriel Fabri

Confira a programação completa em: http://centrocultural.sp.gov.br/site/eventos/evento/3a-mostra-de-cinema-chines-2/