Balé da Cidade apresenta “Dançographismus 4”

Bailarinos se tornam coreógrafos em espetáculo que acontece entre os dias 7 e 17 de julho, no Centro Cultural Olido

 Para mostrar que bailarinos, além de seguir os passos propostos por coreógrafos, também podem desenvolver seus próprios trabalhos artísticos, o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) realiza, duas vezes por ano, o Dançographismus. O projeto dá aos profissionais de dança da companhia a oportunidade de criar e experimentar suas próprias escritas coreográficas.

Entre os dias 7 e 17 de julho, na Sala Paissandu, do Centro Cultural Olido, os seis integrantes que participam da atual edição do Dançographismus (a quarta, desde 2014) apresentam espetáculos de balé calcados em diferentes temas e interpretações pessoais.

Em “Mais flores, por favor”, com música de Johann Sebastian Bach, Bruno Gregório aspira por um pouco de paz dentro de um mundo conturbado. “É uma tentativa de colocar um pouco de cor e de poesia dentro do cinza da desesperança e intolerância em que vivemos”, diz ele. Marisa Bucoff apresenta “A menina gigante”. O espetáculo lembra que uma ação aparentemente insignificante pode modificar todo um futuro. Manuel Gomes utiliza a música de Nathan Halpern para mostrar, em “Coercitivo”, que somos reféns de um sistema alienante que nos despersonaliza.

Fernanda Bueno, em “Guelabaixo”, se inspira em Jean-Paul Sarte para lembrar que estamos todos condenados à liberdade. Com música de John Adams e Shaker Loops, “Opus 3”, de Igor Vieira, apresenta uma visão hedonista do mundo. O coreógrafo cita como exemplo o Marquês de Sade: “Não devemos negar-nos nenhum prazer, experiência ou satisfação com a desculpa da moral, da religião ou dos costumes...”. Finalmente, Jaruam Miguez, em “Sufrágio Lino”, usa a música de Igor Stravinsky para fazer uma reflexão sobre a espiral da escolha e da renúncia envolvida em cada um de nossos atos.

Para Iracity Cardoso, diretora artística do BCSP, Dançographismus é uma experiência enriquecedora para os bailarinos. “Aqui, além de intérpretes, podem atuar como iluminadores, cenaristas, figurinistas, entre outras funções. Foram projetos como este que revelaram coreógrafos, hoje de renome, como Jorge Garcia, Alex Soares e Sandro Borelli.”

Por Gilberto De Nichille

Serviço: Centro Cultural Olido – Sala Paissandu. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do Metrô. Centro. Tel. 3331-8399. De 7 a 17. 5ª a sáb., 20h. Dom., 19h. | +10 anos. Grátis (retirar ingresso a partir de uma hora antes).