Sinfonia de Mahler embala estreia do Balé da Cidade

Espetáculo estreia dia 10 no Theatro Municipal

O encenador italiano Stefano Poda, responsável pela montagem de “Thaïs”, ópera de Jules Massenet apresentada, em 2015, no Theatro Municipal e aclamada pela crítica e pelo público, foi convidado para dirigir o novo trabalho do Balé da Cidade de São Paulo, “Titã”. Com estreia marcada para o dia 10, também no Municipal, o espetáculo reúne todos os 34 bailarinos da companhia, que tem direção artística de Iracity Cardoso, para dançar ao som da “1ª Sinfonia”, do compositor checo-austríaco Gustav Mahler, acompanhados pela Orquestra Sinfônica de São Paulo (OSM).

O diretor define a coreografia como um ritual de vida e arte. “Ela abrange todas as experiências simples, naturais e vitais: desde a sensorial, visual, até a emocional”, explica. “Uma viagem estética e espiritual além do tempo e do espaço”. Ao criar um espetáculo visual para a sinfonia de Mahler, Poda se preocupou em ir na contramão do realismo, por meio de imagens abstratas ou “símbolos que nem pretendem ser símbolos”. “Para que o público possa viver, por meio da música, a história de sua própria vida”, afirma. Assim, o diretor gostaria que o espectador encontrasse um momento para si. “Com a música, a dança pode ser meditação e poesia. União de alma e corpo.”

O regente Eduardo Strausser, maestro residente da OSM, identifica nessa sinfonia aspectos presentes em toda a obra de Mahler, como a crítica social, a ironia e os elementos autobiográficos. “Logo na introdução, ele faz uma descrição sonora de uma experiência vivida no campo durante sua infância”, pontua Strausser. “Já no terceiro movimento, a ironia é usada como ferramenta retórica, o que provocou na época uma grande repercussão pelo seu caráter crítico à sociedade”.

Segundo o regente, o compositor é hoje o mais executado pelas orquestras em todo o mundo, pelo diálogo que sua música trava com o homem e o mundo contemporâneo. “Mahler foi, também, um dos pioneiros em convidar o ouvinte a interagir com a obra através das percepções sensoriais que cada um traz na sua bagagem.”

Sobre a escolha da composição, que também leva o nome de “Titã”, Stefano Poda cita a escritura musical do autor, a conversa de sua obra com a pós-modernidade e conclui, com o maior de todos os argumentos: “porque sempre amei Mahler.”

| Gabriel Fabri

| Theatro Municipal de São Paulo. Centro. Dias 10, 13, 14 e 15, 20h. Dia 11, 17h. R$ 25 a R$ 90