Estreia do Balé da Cidade traz São Paulo para o palco do Theatro Municipal

Temporada 2017 abre com a coreografia inédita “Risco” no dia 24 de março

 Abrindo a temporada de 2017 do Balé da Cidade, a coreografia inédita “Risco”, com direção de Sergio Ferrara, é apresentada a partir do dia 24 no Theatro Municipal, marcando a estreia do coreógrafo Ismael Ivo como diretor da companhia. Seguida na mesma noite pela reapresentação de “Adastra”, do catalão Cayetano Soto, “Risco” discute São Paulo a partir das sensações dos bailarinos diante dos grafites do município. O espetáculo, o primeiro da série “CORPO CIDADE”, conta com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência do maestro Luis Gustavo Petri.

Após retornar a São Paulo depois de 32 anos de carreira internacional, Ivo pediu aos dançarinos do Balé da Cidade que fizessem uma espécie de laboratório para a criação de “Risco”. “Os bailarinos foram para a cidade, porque a arte não se faz só entre quatro paredes”, explica. “Eles improvisaram em frente ao grafite, tentando entender esse tipo de arte, relacionando-a com o seu corpo, criando uma expressão, uma resposta do hoje”. O registro em vídeo desse experimento é projetado no palco durante a apresentação da coreografia, o que leva o diretor a chamá-la de “instalação coreográfica dançante”, relacionando diversos tipos de arte e mídia e trazendo, assim, o grafite para o centro do palco. “É o Municipal na cidade, e a Cidade no Municipal”, sintetiza.

Segundo Ivo, o título da coreografia se refere ao perigo inerente não só ao fazer artístico, mas à própria sobrevivência. “O perigo tem que estar sempre presente”, afirma. “Viver é um risco, é perigoso”. Ele cita o dramaturgo alemão Bertolt Brecht para falar sobre o risco na arte. “Ele dizia que para fazer arte você tem que arriscar hoje, amanhã, depois de amanhã, e arriscar melhor. Sem risco não existe arte”, conclui.

A coreografia, com duração de 35 minutos, traz na trilha “Os Planetas: Marte, op. 32 (1914-16)”, do compositor inglês Gustav Holst, e “Festas Romanas (1928)”, do italiano Otorino Respighi. Sobre a escolha dessas obras específicas, o diretor artístico da companhia disse que buscou material que se relacionassem com os questionamentos da coreografia e com o universo do grafite. Foi pensando nessa mesma diretriz que o grupo criou para essa dança um personagem inspirado no grafiteiro nova iorquino Jean Michel Basquiat.

Por Gabriel Fabri