Raça Cia. de Dança encena duas coreografias no Teatro Paulo Eiró

“À Flor da Pele” e “Novos Ventos” ficam em cartaz entre os dias 28 e 30 de abril

Com mais de 30 anos em atividade, a Raça Cia. de Dança consagrou em seu repertório coreografias que traduzem a vitalidade física e emocional dos corpos de seus bailarinos. Dois desses trabalhos são levados ao palco do Teatro Municipal Paulo Eiró, entre os dias 28 e 30 de abril. São eles: “A Flor da Pele” e “Novos Ventos”.

Criada em 2015 por Jhean Allex, “À Flor da Pele” aborda a relação dos indivíduos com o trabalho, o trânsito, a política, enfim, todo o cotidiano da sociedade moderna. Dessa forma, o trabalho procura investigar de que forma essas situações interferem na vida das pessoas. “Eu trabalho com o público e acabo reparando muito na atitude. Tive que observar o que deixa alguém à flor da pele. São várias as situações. Por exemplo, quem ficou duas horas parado no trânsito não está com cabeça para assistir a uma aula”, observa o coreógrafo.

Parte da pesquisa foi pautada em notícias de jornal sobre diversos tipos de violência, como homofobia e machismo. “À Flor da Pele” também traduz o significado dessa expressão que, segundo Allex, pode remeter a um sentido romântico, ao estado de alegria ou, então, à melancolia.

Já a coreografia “Novos Ventos” é uma remontagem da obra criada em 1999 por Roseli Rodrigues (1995-2010). Fundadora da Raça, ela acumulou mais de 80 prêmios em sua trajetória artística.

“Novos Ventos” complementa a primeira montagem, passando uma sensação de continuidade, de acordo com Allex. “Apesar de ser um espetáculo antigo, tem uma linguagem muito atual. As pessoas olham e pensam que é de hoje”, afirma. “Essa remontagem tem atualizações técnicas. Mas todo o trabalho poético e romântico da época se mantém”, complementa.

Com trilha sonora de Erik Satie, a coreografia é ambientada no outono. O palco coberto por folhas secas tem a intenção de compor a atmosfera da estação. Os bailarinos se dividem em conjuntos, solos, duos e trios, desenhando todas as transformações, a nostalgia e o romantismo do clima. O espetáculo marca uma ampliação do repertório da companhia para novas pesquisas corporais, que até então seguia pela linha do jazz.

Por Letícia Chiantia

Serviço: Teatro Municipal de Santo Amaro Paulo Eiró. Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Zona Sul. | tel. 5546-0449 e 5686-8440. De 28 a 30/4. Sex e Sáb.; às 21h. Dom.; às 19h. Livre. 70 min. Grátis (retirar ingresso a partir de uma hora antes)