Concerto de música barroca traz Nicolau Figueiredo, Giulia Moura e Ivy Szot ao CCSP

“Barroca Paixão” acontece no dia 22 de março e traz duetos com canções dos séculos XVI e XVII

Durante o Festival Música Nas Montanhas 2016, que aconteceu em janeiro na cidade de Poços de Caldas (MG), o cravista Nicolau Figueiredo recebeu um material de duas jovens cantoras: a soprano Giulia Moura e a médio-soprano Ivy Szot. Na ocasião, elas apresentaram uma composição de Claudio Monteverdi, músico italiano. “Neste momento me veio o desejo de preparar um programa de duetos”, conta Figueiredo, que dirige o espetáculo “Barroca Paixão”. O trio, formado por Moura, Szot e por ele próprio, se apresenta no dia 22 de março, no Centro Cultural São Paulo.

O concerto reúne músicas barrocas dos séculos XVI e XVII. Ao falar sobre o diferencial desse gênero, Figueiredo traz uma definição dada pelo maestro austríaco Nikolaus Harnoncourt: “A música romântica ‘pinta’ e provoca impressões, já a barroca ‘narra’”. O cravista explica que essa diferença se dá pela retórica das canções. “A característica mais importante da música barroca, em geral, é o elemento teatral na declamação musical”, afirma. E o maior desafio em apresentar canções barrocas tem a ver, justamente, com esse atributo principal. “Declamar cantando (majoritariamente em língua estrangeira), transmitindo os afetos do texto de maneira tão sincera, que os faz parecer naturais, apesar de sua grande sofisticação”, pontua Figueiredo.

Entre as canções do programa, Figueiredo destaca as obras “La Madalena ricorre alle lagrime” e “Piangete Occhi”, do compositor italiano Domenico Mazzocchi (1592 – 1665). “Elas ilustram perfeitamente nossa proposta de diálogo universal”, afirma. Ele explica que a linguagem musical não difere o amor terreno do amor celeste, uma oposição comum no pensamento da época. “No programa, apresentamos obras com textos religiosos e profanos, onde as emoções são postas em música de maneira idêntica”, esclarece.

O cravista ressalta também as “impressionantes harmonias” de Mazzocchi, que imprimem dramaticidade às letras das canções. “A música dele é totalmente baseada na prosódia do texto literário, ousando encadeamentos harmônicos extremamente modernos para sua época”, explica Figueiredo. “É uma perfeita comunhão entre música e literatura”.

Por Gabriel Fabri

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. Dia 22, 20h30. R$ 10 (ingressos na bilheteria ou pelo site www.ingressorapido.com.br, podendo ser adquiridos, via internet, a partir de 30 dias antes do evento)