Cantor, multinstrumentista, escritor, compositor e uma das figuras mais genais da música nacional, Tom Zé apresenta dois shows gratuitos neste semestre, integrando a programação do Circuito Municipal de Cultura. As apresentações acontecem nos dias 8 de abril, no Teatro Flávio Império, e dia 24 de junho, no Martins Penna.

Tom Zé parece já ter explorado inúmeras possibilidades na arte, desde a música clássica e de vanguarda, passando por experimentações com diversos tipos de instrumentos – tendo ele mesmo desenvolvido alguns com liquidificadores e máquinas de escrever -, e, ainda, percorreu os mais diferentes temas e formas em suas composições. Para ele, no entanto, a música ainda não esgotou suas possibilidades. “Um compositor e a música, como parte do que a tradição implica e do que ele faz com ela, conversam, dialogam com as formas que se propõem reciprocamente. Há muitos séculos pela frente para prever agora se haverá limites”, afirma.

Às vésperas de completar 80 anos, Tom Zé segue trabalhando sem parar. Realizou, inclusive, parcerias com jovens nomes da música nacional, como a Trupe Chá de Boldo, Mallu Magalhães e a banda O Terno. “Aprendo muito com meus colegas-meninos que estão se iniciando agora. Mundos diversos se tocam e têm a música como elo. Quem faz o quê – música, letra – depende de cada situação, de cada canção. É mais frequente que a letra fique comigo”, conta.

Apesar da erudição – Tom Zé estudou Música na Universidade Federal Bahia, com professores que estavam entre os mais importantes do século XX, como Ernst Widmer e Hans-Joachim Koellreutter –, o músico não deixa o popular sair de seu raio de atuação. “Minha aspiração é tocar na estação rodoviária. Gostaria de me comunicar com o público dessa maneira direta, movendo os passos e os músculos das pessoas no que é chamado de dança e transformando letra e melodia em obras para coral popular cantar”, diz.

Para o Circuito Municipal de Cultura, Tom Zé leva seu show “Eu cantando para os meus”, segundo ele, “fazendo referência à expectativa de interação que alimenta minha forma de trabalhar”. Trabalho esse que não para: ainda para ser lançado este ano, o artista prepara um disco com novidades.

| Luísa Bittencourt

Serviço: | Teatro Municipal Flávio Império. Zona Leste. Dia 8, 21h. Grátis (retirar ingresso a partir de uma hora antes)