Elaine Guimarães aborda violência contra a mulher em interpretação de Ela Solo Amore

Vocalista da Banda Glória faz apresentação solo nos teatros Alfredo Mesquita e Décio de Almeida Prado, entre os dias 10 e 12 de junho

Depois de quatro anos fora dos palcos, a personagem Ela Solo Amore, interpretada por Elaine Guimarães, vocalista da Banda Glória retoma show performático a partir deste mês. A cantora faz duas apresentações nos teatros municipais Alfredo Mesquita e Décio de Almeida Prado, entre os dias 10 e 12, integrando a programação do Circuito Municipal de Cultura.

Ela Solo Amore nasceu em 2010 para cantar o amor e, sobretudo, falar sobre a necessidade de libertação das mulheres em relação ao modo de pensar e se relacionar com a sociedade. “Fiz muito shows durante dois anos. Mas sofri alguns julgamentos por causa do meu estilo e roupas”, relembra Elaine. A personagem ousa com uma figura mais sensual, representando o conteúdo das letras, que falam sobre o amor.

A mineira, residente em São Paulo, conta que desde quando começou a carreira muita coisa mudou, principalmente em relação à forma de encarar as críticas. “Eu não tinha tanta consciência do meu lado militante feminista, e acabei me calando, mas hoje faço exatamente o contrário”, desabafa. “Eu sou dona de mim, e ninguém tem que julgar o que eu faço. Sou mulher e defendo o que eu quiser”, complementa.

Passada essa fase de reconhecimento pessoal, o repertório do show também veio carregado de mudanças. “Em 2016, inseri algumas canções que falam do universo feminino e das opressões que sofremos todos os dias, por vestir uma saia curta ou uma roupa decotada”, exemplifica Elaine. Além das composições autorais, a cantora também interpreta algumas músicas de Perla e Roberto Carlos.

Todas as músicas são acompanhadas por uma narrativa como em uma apresentação teatral. Com direção cênica de Andressa Ferrarezi, Ela Solo Amore se apresenta em uma espécie de cabaré decadente. Primeiramente, a personagem fala das histórias das músicas com suas dores e conquistas, para depois relatar os abusos sofridos, até chegar, finalmente, em uma fase mais guerrilheira e militante.

Um dos destaques das apresentações é a canção “Não Cala”, que discorre sobre diversos tipos de violência contra mulher, que não são classificados como crimes. No palco, a interpretação desta música conta com uma intervenção artística especial com a participação de várias mulheres de coletivos feministas, entre eles Estável, Antropofágica e Brava.
“O show carrega ficção e histórias pessoais de diversos momentos da minha vida. Foi um jeito de mostrar um pouco de mim não sendo eu”, conta ela, que também atua como atriz.

As canções românticas fizeram com que Elaine ficasse conhecida por carregar um estilo brega. Questionada, ela diz que não gosta muito dessa denominação. “É uma música de amor, pode ser até exagerado, mas são histórias de uma mulher, aventuras, passagens boas, ruins, abuso e violência.” E acrescenta: “Tem balada romântica, tem guitarrada, lambada, universo latino, funk e muito mais. É um show para dançar.”

Por Letícia Andrade

Serviço:| Teatro Municipal Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte. | tel. 2221-3657. Dia 10, 21h
| Teatro Municipal Décio de Almeida Prado. R. Cojuba, 45, Itaim Bibi. Zona Oeste. | tel. 3079-3438. Dia 12, 19h. Grátis (retirar ingresso uma hora antes). Livre. 90 min.