Xaxado novo faz show único no Centro Cultural Olido

Xaxado Novo lança seu primeiro álbum, “Sertão cigano”, que mescla baião com música árabe e cigana, gêneros formadores do cancioneiro nordestino

Resgatando a formação tradicional do baião para homenagear grandes mestres da cultura popular brasileira, o grupo Xaxado Novo faz o show de lançamento de seu primeiro CD, “Sertão cigano”, dia 1º, no Centro Cultural Olido. Como novidade, a apresentação traz também referências dos árabes e ciganos –daí o nome do álbum–, povos que muito contribuíram para a formação da música nordestina.

O grupo é composto pelos instrumentistas e pesquisadores de culturas tradicionais: Davi Freitas, Felipe Gomide, Bruno Duarte e Marcus Simon. No show, eles tocam também instrumentos típicos da música árabe, como a rabeca e o davul, uma espécie de zabumba oriental. Além do repertório, o público confere performances e intervenções que levam ao palco a influência de Luiz Gonzaga e dos caboclos, vaqueiros e cangaceiros para uma celebração ao forró, ao baião e ao xaxado. Essa mistura de ancestralidade e experimentações procura retratar a cultura tradicional brasileira.

Apesar de estar diretamente associado a Luiz Gonzaga, conhecido como Rei do Baião, o gênero musical não foi inventado por ele, pois já existia no Nordeste, em conjunto com dança, desde o século 19, derivado do “baiano”, um tipo de lundu (canção popular inspirada nos ritmos africanos, posteriormente introduzida em Portugal e no Brasil). Na realidade, o músico popularizou o gênero na década de 1940, compondo em parceria com o advogado e político Humberto Teixeira, conhecido como Doutor do Baião, que escrevia as letras. Não é à toa que o primeiro sucesso da dupla se chamou justamente “Baião”, gravado em 1946 pelo grupo 4 Ases e 1 Curinga.

Incorporando ao gênero o triângulo, a sanfona e a zabumba, Gonzaga chegou a declarar que ficou surpreso ao ser informado que esse conjunto de instrumentos era de origem portuguesa, com os respectivos nomes lusitanos de ferrinho, rabeca e bombo. “O que eu criei mesmo, foi a divisão do triângulo para a forma como o instrumento é tocado no baião”, afirmou em entrevistas à época. Para trazer um visual diferenciado em suas apresentações, o Rei do Baião concebeu, também, o traje estilizado de cangaceiro pelo qual ficou ainda mais conhecido.

| Carolina Bressane

| Centro Cultural Olido – Sala Olido. Centro. Dia 1º, 20h. R$ 20