Ópera de Hector Berlioz é apresentada em concerto no Theatro Municipal

Espetáculo “A Danação de Fausto” acontece nos dias 30 de junho e 1º de julho

 Ao longo de sua carreira, o compositor francês Hector Berlioz enfrentou muita dificuldade em emplacar os seus trabalhos. “A Danação de Fausto”, adaptação musical do livro “Fausto”, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, não fugiu à regra, e foi apresentada para um teatro quase vazio em sua estreia em Paris. O reconhecimento, entretanto, veio apenas com o tempo. “Fausto é uma das obras primas não só da carreira do Berlioz, mas de todo o século XIX”, afirma o maestro Roberto Minczuk, diretor da Orquestra Sinfônica Municipal (OSM). Com participação do Coro Lírico Municipal e do Coro Infantil da Escola de Música de São Paulo, a ópera “A Danação de Fausto”, com regência de Minczuk, é apresentada em concerto nos dias 30 de junho e 1º de julho, no Theatro Municipal.

“Berlioz é um dos compositores mais influentes e mais inovadores do período romântico”, explica Minczuk, em referência à estética predominante no século XIX, iniciada na música erudita por Beethoven. “A Danação de Fausto” reúne os elementos que Berlioz utilizou em toda a sua carreira, como o uso de uma grande orquestra e do coro. “A orquestração é diferente de tudo o que se conhecia na época e a instrumentação é muito peculiar”, afirma o maestro, já que o compositor francês foi pioneiro, por exemplo, ao utilizar harpa em um concerto. O uso de harmonias surpreendentes é uma característica marcante das obras do compositor, além da força de suas músicas. “O Berlioz é o cara que atravessou uma barreira e mostrou que a música poderia ser muito mais potente do que era antes dele”, sintetiza.

Adaptação de uma lenda popular alemã, o romance de Goethe no qual se baseia “A Danação de Fausto”, conta a história de um homem que vendeu a própria alma. Minczuk entende essa trama como uma história sobre corrupção, o que a torna atual em todas as épocas. “Todas as pessoas que aceitam ter o lucro ou o favor por meio da corrupção, de certa forma venderam a sua alma ao diabo, direta ou indiretamente”, afirma o maestro. “Decidir entre o mal, em troca de um benefício próprio, ou o bem, será sempre um dilema do ser humano em todas as esferas, seja na bilionária, seja em uma atitude pequena do dia a dia em que temos que fazer escolhas”, conclui.

Por Gabriel Fabri