Dentre todas as vertentes cinematográficas, o cinema adolescente é aquela com maior potência para tratar, de maneira leve e descontraída, temas relevantes para esse público. A combinação dos clichês facilmente reconhecíveis com o olhar questionador da adolescência vira e mexe resulta em bons e premiados filmes.
Em parceria com o Flipop - Festival de Literatura Pop, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) realiza, entre os dias 16 e 27 de julho, a mostra “Pop Cinema, Ficções / Fricções da Adolescência”. Com ingressos gratuitos, a programação conta ainda com debates.

Para o curador Carlos Gabriel Pegoraro, o filme adolescente não é um gênero, mas sim uma discussão social que permeia a comédia ou o terror, por exemplo. “A presença do adolescente é uma característica dentro do gênero que não necessariamente segue regras ou arquétipos”. Já para o também curador Célio Franceschet, o filme adolescente está sedimentado. “Ele já cristalizou muitos elementos, que são repetidos sem muita cerimônia pelos grandes estúdios”, explica. Com as produções independentes, entretanto, o cuidado de representação é maior. “Os clichês são, muitas vezes, revisitados, reciclados e satirizados.”

Franceschet ressalta uma das características desses filmes: a questão da fala dos adolescentes. “O teenpic, o gênero adolescente em si, é feito pensando em falar sobre os adolescentes, mas também em ser reconhecido por eles, na linguagem deles, uma linguagem que está em constante mudança, sabemos disso.”

Pegoraro destaca que, a partir dos anos 1990, produções independentes trouxeram um novo olhar para os jovens no cinema. “A concepção de uma adolescência banal foi mudando e se começou a discutir questões muito mais profundas sobre o que é ser um adolescente ao longo das gerações, envolvendo temas como depressão, preconceitos e sexualidade”, explica. A mostra inclui alguns clássicos daquela década, como “Virgens Suicidas”, de Sofia Coppola; e o romance LGBT “Amigas de Colégio”, de Lukas Moodysson.

Filmes recentes com uma veia provocadora aguçada fazem parte da programação. Dentre eles, estão o mexicano “Depois de Lúcia”, de Michel Franco, ganhador do prêmio Um Certo Olhar, no Festival de Cannes de 2012, que mostra as agressões sofridas por uma adolescente, de maneira desconcertante; e o recente “O Ódio que Você Semeia”, de George Tillman Jr., longa-metragem inspirado no livro de Angie Tomas. A história retrata o racismo na adolescência a partir do olhar de uma garota que testemunha o assassinato de seu amigo negro por um policial branco.

Por Gabriel Fabri

Confira a programação completa no site do CCSP