Semana de Valorização do Patrimônio abre com discussão sobre bens materiais e bens imateriais

Mesa contou com palestra do advogado e ex-Diretor Nacional do Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN Hermano Guanais e Queiroz

Nesta segunda-feira, dia 16, a Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), deu início à 16ª Semana de Valorização do Patrimônio. O evento acontece entre 16 e 20 de agosto e, neste ano, conta com o tema “Dinâmicas da preservação”. O primeiro encontro, com abertura do secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef, contou com a presença de Hermano Fabrício Oliveira Guanais e Queiroz, ex-Diretor Nacional do Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN, e mediação da Diretora do DPH, Maria Emília Nascimento Santos.

O secretário Alê Youssef enfatizou a importância da discussão da Semana do Patrimônio. “Temos a compreensão de que patrimônio e memória são campos de eterna disputa”, afirma. “Precisamos avançar nas discussões em relação às intervenções urbanas, incluir a cultura popular, os saberes tradicionais da cidade, com respeito às histórias, aos espaços e às construções existentes, com vistas a uma narrativa para um futuro sustentável e acolhedor”.

Youssef destacou o projeto Memória Paulistana, com a instalação de placas em diversos pontos da cidade, lembrando a história desses lugares emblemáticos. “É um poderoso inventário das histórias da cidade”, sintetiza. “Uma ação simples e que toca o coração das pessoas”. O projeto existe desde 2019 e terá 50 novas placas instaladas agora em agosto.

Em sua exposição, Hermano Fabrício Oliveira Guanais e Queiroz discorreu sobre as diferenças entre o patrimônio material e imaterial, alertando para a necessidade de não tratar o patrimônio imaterial da mesma forma com a qual se trata objetos, estátuas, entre outras obras artísticas e arquitetônicas. “É preciso repovoar o patrimônio”, afirmou. “Expressões vivas da cultura implicam um conceito de preservação que não pode ser avaliado pelos mesmos conceitos dos bens materiais, com normas destinadas a congelar, padronizar”.

Hermano apontou três eixos na preservação do patrimônio imaterial: identificação, reconhecimento como patrimônio (registro) e apoio e fomento aos bens registrados. Para ele, os maiores desafios são o de incentivar e implantar uma nova prática de preservação em nível nacional, com participação social em todos os processos, seja o tombamento de bens materiais ou o registro de bens imateriais. Ele exemplificou com o caso de um tombamento de uma fábrica de caju: não era a fábrica que era importante, e sim os saberes e conhecimentos tradicionais associados à produção de caju.

Ele critica o que chamou de “fetichismo” no meio, quando a discussão apenas visa o objeto e ignora os processos sociais que produzem sentidos, significados e funções associadas ao patrimônio. “É preciso manter a diversidade cultural como princípio fundamental da preservação”, conclui Hermano. “É tempo de convocar os sujeitos.”

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Por Gabriel Fabri