DPH discute monumentos polêmicos na Semana de Valorização do Patrimônio

Mesa discutiu desafios da atuação do DPH

 Nesta quinta-feira, dia 19, a Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), apresentou a mesa “Desafios da atuação do DPH”, como parte da programação da 16ª Semana de Valorização do Patrimônio. O evento acontece até o dia 20 de agosto e, neste ano, conta com o tema “Dinâmicas da preservação”. O encontro contou com a presença de Alice de Almeida Américo, Diego Brentegani e Luca Fuser, quadros do DPH, e com mediação de Maria Emília Nascimento Santos, diretora do departamento.

Fuser iniciou a palestra falando sobre “A identificação do patrimônio cultural em São Paulo: panorama e desafios atuais”. Para ele, o patrimônio cultural não é uma forma acabada. “É preciso entender os sentidos atribuídos e os significados sobrepostos”, explica. Ele relembrou um pouco da história do órgão e contou sobre os diversos instrumentos do departamento criados ao longo do tempo, como o tombamento, o registro, as ZEPEC-APC, o selo de valor cultural e, por fim, o projeto Memória Paulistana, criado em 2019. Fuser apontou, ainda, como alguns dos desafios do DPH, um panorama com mais de 100 processos no Núcleo de Identificação e Tombamento, a maior parte recente de solicitações de aberturas de tombamentos.

Na sequência, Brentegani explicou os desafios do Núcleo de Projeto, Restauro e Conservação. O núcleo tem a função de analisar intervenções e pareceres técnicos em bens culturais que já são tombados ou estão em processo de tombamento. Diego pontuou os desafios internos e externos ao DPH.

Já Alice fez um panorama da história dos monumentos da cidade, com início no Obelisco do Largo da Memória, em 1814; passando por obras emblemáticas como a Mãe Preta, de 1955, fruto de demanda popular, instalada no Largo do Paissandú; e outras mais polêmicas, como o Monumento às Bandeiras, de 1953, uma homenagem aos bandeirantes, e Borba Gato, de 1963. “Um dos desafios, e a responsabilidade também, é poder reconhecer esse acervo, dialogar com a comunidade e pensar junto quais as formas de ressignificação e também de conservação”, explica. “Saber também, para essas e para as futuras esculturas, se é essa escultura que a população quer ver na cidade, em qual lugar, em qual contexto: são questões difíceis de responder e a gente depende muito da comunidade”.

A diretora do DPH, Maria Emília Nascimento Santos, comentou sobre a questão dos monumentos. “A instalação de equipamentos públicos é antiga e sempre esteve relacionada com uma disputa de poder, e com formas de organizar a cidade, estabelecer um ordenamento na cidade”, explica. Ela exemplifica com os relógios públicos e sua relação com o trabalho e capital.

O último debate da 16ª Semana de Valorização do Patrimônio terá como tema “O cidadão no centro do debate” e acontece nesta sexta, 20 de agosto, a partir das 17h, no canal do DPH no Youtube.

 

Por Gabriel Fabri

Assista ao debate: