Paulo Freire, o Andarilho da Utopia: Centros Culturais recebem espetáculo em homenagem ao centenário do patrono da educação brasileira

Grupo Off-Sina traz peça teatral em comemoração dos 100 anos de Paulo Freire, filósofo pernambucano que revolucionou a educação no país

No mês em que Paulo Freire, patrono da educação brasileira, completaria 100 anos, um espetáculo sobre sua vida chega a dois espaços da Secretaria Municipal de Cultura. Nos dias 11 e 12 de setembro, o Teatro Flávio Império e o Teatro Martins Penna (Centro Cultural da Penha) recebem a peça Paulo Freire, o Andarilho da Utopia, do grupo carioca Off-sina.

Paulo Freire (Recife, 1921- São Paulo, 1997), considerado uma das grandes personalidades brasileiras do século XX, foi educador e filósofo cujo trabalho é reconhecido mundialmente por sua perspectiva dialógica e libertária da educação. Da sua trajetória, fica em destaque sua intervenção “Quarenta Horas de Angicos”, em 1962, em que Freire mobiliza uma ação comunitária em prol da alfabetização de 300 agricultores na cidade homônima, no interior do Rio Grande do Norte.

Paulo Freire elaborou uma proposta pedagógica que prioriza a educação horizontal, que repensa as hierarquias entre alunos e professores, propondo um ambiente propício ao exercício crítico. Ele sofreu perseguições durante a Ditadura Militar Brasileira, tendo se estabelecido em outros países da América Latina, como o Chile e a Bolívia, que influenciaram profundamente seu trabalho.

Pensando essa trajetória, Paulo Freire, um Andarilho da Utopia se propõe a trazer, para o palco, a história de vida e os causos de Freire, partindo da ideia de um sujeito em movimento, ou “andarilho”. O filósofo e educador é retratado como um protagonista em ação, um homem movido pela descoberta, que aparece sob diversas formas: ora como um menino, ora como um astronauta ou professor, mas sempre como um brasileiro com sonhos e esperança.

De acordo com o produtor Richard Riguetti, a ideia de trazer Freire para o palco ganhou corpo após uma investigação acerca do pensador e de suas ideias, que o sensibilizou e ao seu sócio, Luiz Antônio Rocha, por perceberem o “amor que Freire tinha pela democracia, pelo diálogo; o apreço que ele tinha pela educação, o Brasil e todas as pessoas que vivem em situações adversas”. A montagem começou a ser exibida em 2019, em Vitória (ES) e, desde então, já soma 198 apresentações presenciais em 17 estados, além de outros países, como Uruguai, Chile e Argentina. Já durante a pandemia, ela se adaptou para o formato virtual.

A flexibilidade da produção ajudou a alcançar esses números: segundo Riguetti, Paulo Freire, o Andarilho da Utopia foi pensada de maneira a poder ser apresentada em “todo e qualquer lugar”, desde ruas e escolas até grandes palcos, mantendo sempre a interatividade como diferencial. “Na educação de Paulo Freire, a arte é sempre uma ação dialógica. Então, é importante que os espectadores participem ativamente da construção do espetáculo”, explica.

Por esse motivo, a escolha de espaços localizados na periferia da cidade de São Paulo foi estratégica. “Imagino que, se Paulo Freire estivesse vivo, ele estaria, sim, fazendo palestras em lugares como o Teatro Martins Pena e o Teatro Flávio Império, bem como no M’Boi Mirim, em Itaquera e em Cidade Tiradentes…” justifica Richard. “Ele estaria transitando pela cidade”.

A primeira apresentação no Teatro Flávio Império, que será ao ar livre, no Parque Daniel Marques, marca o retorno da peça ao formato presencial, com público reduzido e respeito às diretrizes de segurança da COVID-19. Paulo Freire, o Andarilho da Utopia tem duração de uma hora e classificação etária de 16 anos.

Serviço:
Paulo Freire, o Andarilho da Utopia
Local: Teatro Flávio Império (Parque Daniel Marques)
Dias 11 e 12 de setembro, 19h e 18h
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos

Paulo Freire, o Andarilho da Utopia
Local: Centro Cultural da Penha (área externa)
Dia 12 de setembro, 16h
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos