Peça infantojuvenil coloca público para investigar crime em universo fantástico

O Tribunal de Rosas dos Ventos chega aos Teatros João Caetano e Paulo Eiró

O clima de mistério e incerteza do cinema noir, os filmes policiais populares nos anos 1940, e a estética do expressionismo e das obras de Tim Burton são algumas inspirações para a peça infantojuvenil O Tribunal de Rosas dos Ventos. Propondo uma participação ativa do público, que culmina na escolha de um dos quatro finais diferentes possíveis, o espetáculo coloca os espectadores na posição ao mesmo tempo de júri e de investigador. A peça tem sessões gratuitas nos dias 29 e 30 de janeiro, no Teatro João Caetano, e nos dias 5 e 6 de fevereiro, no Teatro Paulo Eiró.

Figurino, maquiagem e cenografia são todos em preto e branco. Nesse universo que remete a um desenho animado de antigamente, o crime investigado é justamente o desaparecimento da cor preta. “É ela o traço que dá forma à cidade. Quando o preto some, é como se a cidade estivesse sendo apagada”, explica o diretor Victor Walles. “Ela está virando uma folha de papel em branco no meio do nada.”

Ele explica que o fato da cidade ser em preto e branco não representa um universo distópico, no qual as outras cores já haviam desaparecido, e sim uma utopia de equilíbrio, inspirado na figura do yin e yang, princípio da filosofia chinesa no qual duas energias opostas se complementam. “O desenho preto e branco representa a harmonia em que a cidade tinha, tudo perfeitamente equilibrado”, afirma Walles. “Quando a cidade entra em crise, esse equilíbrio é desfeito.”

A peça se divide em dois momentos. No primeiro, os envolvidos no caso dão os seus depoimentos. Na sequência, os atores, sem quebrar a interpretação de seus personagens, interagem com o público, para instigar a resolução do caso. "Neste tribunal, temos cinco personagens que estão dispostos a ajudar a investigar, mas, ao mesmo tempo, um deles pode ser o culpado”, explica o diretor. Trata-se de um modelo de tribunal inventado para esse mundo mágico, mais inspirado na estrutura de uma assembleia do que de um júri convencional - o que permite, por exemplo, o contato direto do público com os suspeitos. “As crianças ficam encantadas por poder dialogar diretamente com uma sereia, um vampiro, uma fada”, completa.

Para Walles, definir o veredito do crime não é o mais importante da experiência de assistir à peça - ou melhor, participar dela. “O nosso foco principal é conseguir construir com as crianças a ideia de argumento”, afirma. “O desafio é construir um argumento realmente baseado em fatos. Auxiliar a criança a entender como ela pode colocar a opinião dela, e se aquilo está baseado no que ela vê na peça ou não.”

Por Gabriel Fabri

Serviço: O Tribunal de Rosa dos Ventos. Livre. 75 min. Grátis.

| Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul. Dias 29 e 30/1. Sábado e domingo às 16h. Retirar ingressos 1h antes.
| Teatro Paulo Eiró. Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Zona Sul. Dias 5 e 6/2. Sábado e domingo às 16h. Retirar ingressos 1h antes.

Este evento segue todos os protocolos de prevenção contra a Covid-19.
**É necessário apresentar comprovante de vacinação impresso ou digital