Protagonismo na Vila Itororó: como o espaço atua como centro de formação cultural

O Centro Cultural recebe cinco jovens de três programas diferentes para aprender sobre gestão cultural na prática

O Centro Cultural Vila Itororó vem atuando como um centro de formação cultural ao receber cinco jovens, de três programas diferentes: Programa Criatividades (CRIA), Programa Jovem Monitor/a Cultural (PJM) e o Liderança Jovem, um programa de intercambistas realizado em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS).

O Gestor do Centro Cultural Vila Itororó, Higor Advenssude, conta que, lá, os cinco jovens têm a oportunidade rara de entender diversos processos, justamente pela equipe de gestão do espaço não ser extensa. "Isso possibilita com que tenham uma dimensão mais ampla de atuação da gestão cultural - podem acompanhar as equipes de vigilância, de limpeza, a organização dos espaços para determinados eventos e suas particularidades, a montagem técnica de som. Também tem a oportunidade, que já está sendo colocada em prática, de serem curadoras, o que é uma das coisas mais potentes. Colocá-las em um lugar de protagonismo na Vila Itororó", comenta.

 

Programa Jovem Monitor/a Cultural

Realizado pela Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), o Programa Jovem Monitor/a Cultural (PJM) iniciou em 2008, com foco na formação de jovens de 18 a 29 anos que buscam atuar em equipamentos e departamentos culturais. A iniciativa visa ampliar o repertório profissional dos jovens interessados na prática ao abordar pontos da gestão cultural. Além disso, inclui em sua grade uma perspectiva que busque expandir o olhar social quanto a diversidade e manifestações culturais, como questões étnico-raciais e de gênero.

Gaia Bassan da Rocha é uma das participantes do programa que atua na Vila Itororó. Lá, já tem dois projetos curatoriais em três meses de atuação: um executado para o Mês do Hip Hop durante março, no qual atuou como curadora e produtora, e um evento do Abril pra Dança, voltado para a Cultura Ballroom, foco de sua atuação como pesquisadora de cultura periférica.

Também participa do projeto Rafaela Vieira, uma produtora independente e dona de uma agência de construção de carreiras de músicos e DJs, que atua no centro cultural tanto no acompanhamento de produção artística, executiva e técnica, quanto como curadora. "O programa veio para ampliar meus horizontes. Ele veio como um divisor de águas porque trouxe tanto esse lado da formação teórica, mas também pela parte monetária", declara.

Higor Advenssude conta que o programa exige um papel de formador cultural. "Não quero lidar com elas em uma situação tarefeira. Busco dar subsídios e formação para que aprendam para além do que sabem, para que possam colocar em prática um projeto dentro de toda a complexidade de produção e contratação de um evento", pontua. "Elas são muito atuantes na produção cultural, inclusive de artistas periféricos, que soma muito com o conceito de programação desenhado para a Vila Itororó", completa.

 

Intercambistas

Em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS) e o Instituto Global Attitude, duas jovens vieram do Ceará para participar de um intercâmbio pelo Programa Liderança Jovem, pensado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. No Centro Cultural Vila Itororó, atuam também como jovens monitoras.

Durante dois meses, Andreza Vitória Alves da Silva e Priscila de Araújo Sampaio participarão do projeto e terão a oportunidade de desenvolver atividades na Vila Itororó e no Centro Cultural São Paulo, com o objetivo de ganharem experiência sobre o campo cultural e as necessidades de cada equipamento e de suas regiões. O intuito final é de que elas possam realizar uma intervenção social em sua comunidade local.

Na Vila Itororó elas são guiadas também por Higor Advenssude. O Gestor explica que elas passarão cerca de 5 semanas no centro cultural, de modo a estudar e entender o processo de gestão do espaço ao acompanhar ações culturais.

 

Programa Criatividades (CRIA)

Um desdobramento do Programa Jovem Monitor/a Cultural, o Programa Criatividades é uma oportunidade de alcançar uma maior autonomia no desenvolvimento de projetos e estabelecerem um caminho com maior inserção econômica. Com o objetivo de fomentar a formação cultural de jovens periféricos, propõe que estes atuem na inovação dos espaços culturais.

"[O programa] É um lugar de empoderamento, mas também de acesso e direito à cidade. São jovens que sempre estiveram no mercado da indústria criativa, mas agora estão podendo reconhecer seus trabalhos como produto", declara Tankian, CRIA na Vila Itororó. Artista autodidata, busca, lá, desenvolver um projeto de artes visuais com a prospecção de criar uma exposição ao final do processo e possibilitar uma visibilidade como artista plástica.

Conta que a Vila Itororó é seu ateliê de estudo e pesquisa. A jovem pode dispor de um espaço disponibilizado pela gestão da Vila Itororó para criar sua obra, focada principalmente em ilustração digital e contornos cegos. "Se a gente soma essa coisa do pós-Modernismo, das pessoas que estão acessando os espaços culturais, com a linguagem que eu trabalho, faz muito sentido ser no centro. Acho a Vila Itororó muito visual, cheia de luz", finaliza.

Serviço: Secretaria Municipal de Cultura/Supervisão de Formação Cultural (SFC)

As inscrições para o Programa Jovem Monitor/a Cultural 2022 estão abertas até 04 de maio. Clique aqui para conferir mais informações.

 

Por Marina Baldocchi