Se antes dos anos 60 questionar a realidade social e cultural de seus países era algo impensável, hoje alguns africanos possuem não só o direito de recriar suas realidades, como a possibilidade de transformá-las em obra de arte. Após os movimentos de independência e o fim da colonização oficial, a África vive um novo momento em sua história, com o surgimento de uma safra de cineastas determinados a mudar seu espaço e descolonizar as mentes.
A oportunidade de travar contato com produções que raramente chegam às telas dos cinemas brasileiros é proporcionada pelo Centro Cultural São Paulo com a mostra Novo Olhar do Cinema Africano, que acontece do dia 22 de janeiro a 3 de fevereiro. Em parceria com o Consulado Geral da França em São Paulo e a Cinemateca da Embaixada da França no Rio de Janeiro, o ciclo apresenta uma seleção dos melhores filmes e documentários africanos dirigidos por profissionais e aprendizes que traçam um panorama das inúmeras facetas da África contemporânea em diferentes ângulos e abordagens.
Representando países como Burkina Faso, Senegal, Congo e África do Sul, estão sete filmes de ficção e 11 documentários que mostram a variedade de culturas e composições sociais. Entre eles, Xalima, la plume, do senegalês Ousmane William M´Baye, que conta a história do precursor da música senegalesa Seydina Insa Wade; Zimbabwe – contagem regressiva, uma retrospectiva dos acontecimentos que, a partir de 2000, mergulharam o Zimbabwe no caos social e na falência econômica; e O preço do perdão, sobre um jovem que tem de substituir o pai nas funções religiosas de sua aldeia. Ainda na programação, histórias das tradições de países do continente, de guerras étnicas e da violenta colonização européia.
Serviço: Centro Cultural São Paulo - R. Vergueiro, 1.000, Paraíso, Tel: 3383-3400, ramal 221. Sala Lima Barreto. 16 anos. Grátis