CCSP presta homenagem a La Magnani

Poucos atores conseguem unanimidade entre público, crítica, e mais difícil ainda, entre os próprios artistas, como um dos melhores em toda a história do cinema. Nesse seleto conceito figura uma atriz cujo nome virou sinônimo de entrega total ao personagem: Anna Magnani.

No ano em que completaria dez décadas de vida, a intérprete italiana ganha retrospectiva em sua homenagem entre os dias 26 de fevereiro e 2 de março no Centro Cultural São Paulo.

Nascida em 7 de março de 1908, Anna iniciou sua carreira como atriz em 1929, quando ingressou na companhia teatral Vergani-Cimara. Ainda nesse ano, começou a participar de algumas produções cinematográficas, vivendo papéis secundários. Foi o diretor e amigo Vittorio De Sica quem lhe ofereceu a oportunidade de representar seu primeiro papel principal, o de Loretta Prima, em Teresa Venerdì (1941). A fama internacional chegaria quatro anos depois, ao interpretar Sora Pina, em Roma, cidade aberta, de Roberto Rossellini. Com locações reais em meio a uma Roma parcialmente destruída pela guerra e a participação de muitos atores amadores, o filme é considerado precursor do neo-realismo italiano. A cena em que a personagem de Anna persegue, a pé, um caminhão nazista que transporta seu noivo feito prisioneiro é tida como uma das mais marcantes do cinema. A produção ganhou o Grande Prêmio do Festival de Cannes em 1946.

Após a repercussão dessa obra, passou a integrar o elenco de filmes de outros importantes cineastas italianos da época, como Luchino Visconti, Pier Paolo Pasolini e Federico Fellini, além de diretores estrangeiros como Sidney Lumet e George Cukor. Para Jean Renoir, que a dirigiu em A carruagem de ouro (1953), Anna foi “a maior intérprete com quem trabalhou”. Em 26 de setembro de 1973, a atriz morreu de câncer.

Sem possuir uma beleza padrão, mas com um poder de sedução vindo principalmente da expressão facial e do olhar, Anna é referência na arte da interpretação. Segundo a atriz e escritora Tuna Dwek, autora das biografias de Maria Adelaide Amaral e Denise Del Vecchio (Coleção Aplauso – Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), La Magnani, como era popularmente chamada, simboliza a quinta-essência da arte de representar. “É uma das atrizes mais viscerais do cinema”, afirma.

Programação: Anna Magnani, 100 Anos

Co-realização: Instituto Italiano di Cultura – São Paulo.
As projeções têm suporte em DVD.


VIDAS EM FUGA
(Estados Unidos, 1960, 121 min). Dir.: Sidney Lumet. Com Anna Magnani, Joanne Woodward, Maureen Stapleton e outros.
Músico se envolve com uma excêntrica mulher
casada enquanto perambula entre Nova Orleans
e Memphis, nos Estados Unidos.
| Dia 26, 16h


A CARRUAGEM DE OURO
(França/Itália, 1953, 103 min). Dir.: Jean Renoir. Com Anna Magnani, Odoardo Spadaro, Nada Fiorelli e outros.
Baseado na commedia dell’arte, o filme mostra
a passagem de uma trupe de comediantes por
uma colônia espanhola na América Latina. Durante
a turnê, diversos personagens disputam a
vedete da companhia.
| Dia 26, 18h. Dia 28, 20h


ROMA, CIDADE ABERTA
(Itália, 1945, 105 min). Dir.: Roberto Rosselini. Com
Aldo Fabrizi, Anna Magnani, Vito Annichiarico, Marcello Pagliero e outros.
Durante a ocupação nazista, Roma é declarada
“cidade aberta” para evitar bombardeios aéreos.
Nas ruas, comunistas e católicos deixam
suas diferenças de lado para enfrentar alemães
e tropas fascistas.
| Dia 26, 20h. Dia 28, 16h


MAMMA ROMA
(Itália, 1962, 106 min). Dir.: Pier Paolo Pasolini. Com Anna Magnani, Ettore Garofolo, Franco Citti, Silvana Corsini e outros.
Prostituta de meia-idade sonha em mudar
de vida e de classe social para poder reaver
a guarda do filho. Para tanto, decide se casar
com seu ex-gigolô.
| Dia 27, 16h. Dia 28, 18h


NÓS, AS MULHERES
(Itália, 1953, 97 min). Roteiro: Cesare Zavattini.
O conceituado roteirista Zavattini escreveu este
filme inusitado dividido em episódios estrela-
dos por atrizes interpretando a si próprias em
situações cotidianas.
Quatro atrizes: uma esperança
Dir.: Alfredo Guarini.
Os bastidores de um concurso de garotas que
desejam se tornar atrizes de cinema.
Alida Valli
Dir.: Gianni Franciolini.
Alida tenta seduzir o noivo de sua assistente.
Ingrid Bergman
Dir.: Roberto Rossellini.
Ingrid é mostrada em seu dia-a-dia: cuidando
dos filhos, cozinhando e recebendo visitas.
Isa Miranda
Dir.: Luigi Zampa.
Isa lamenta o fato de ter abdicado da maternidade
para se dedicar à carreira de atriz.
Anna Magnani
Dir.: Luchino Visconti.
Um cachorrinho de estimação provoca uma
discussão entre Anna e um taxista.
| Dia 27, 18h. Dia 2/3, 16h


BELÍSSIMA
(Itália, 1951, 100 min). Dir.: Luchino Visconti. Com Anna Magnani, Alessandro Blasseti, Tina Apiccella e outros.
Ao tentar ajudar a filha com a carreira de atriz,
mulher se depara com uma série de desilusões.
| Dia 27, 20h


ASSUNTA SPINA
(Itália, 1948, 85 min, legendas eletrônicas). Dir.: Mario Mattoli. Com Anna Magnani, Aldo Giuffré, Antonio Centa e outros.
Extraído do drama de Salvatore di Giacomo.
Enquanto seu namorado está preso, uma mulher
torna-se amante de um oficial de registro,
criando uma situação de conflito e ciúmes.
| Dia 29, 16h. Dia 2/3, 20h


L’ONOREVOLE ANGELINA
(Itália, 1947, 95 min, legendas eletrônicas). Dir.: Luigi Zampa. Com Anna Magnani, Franco Zeffirelli, Nando Bruno e outros.
Esposa de um sargento e mãe de cinco filhos,
Angelina exorta as mulheres da periferia de
Roma para fazerem um saque no depósito de
macarrão de um comerciante do mercado negro
e, após uma enchente, organiza a ocupação
de um prédio desabitado para especulação
imobiliária. Tornando-se famosa, entra para a
política e é presa ao enfrentar a polícia.
| Dias 29 e 1º/3, 18h


ABBASSO LA RICCHEZZA
(Itália, 1946, 93 min, legendas eletrônicas). Dir.: Gennaro Righelli. Com Anna Magnani, Virgilio Rientro, Vittorio de Sica e outros.
Com o mercado negro, uma vendedora de frutas
fica rica, mas cai na armadilha de pessoas
de má índole que tentam roubá-la.
| Dia 29, 20h. Dia 1º/3, 16h


TERESA VENERDÌ
(Itália, 1941, 87 min, legendas eletrônicas). Dir.: Carlo Ludovico Bragaglia. Com Anna Magnani, Vittorio De Sica,
Adriana Benetti, Irasema Dilian e outros.
Perseguido pela amante intrometida e pela
noiva, um médico conquistador só passa a ter
juízo após conhecer uma órfã.
| Dia 1º/3, 20h. Dia 2/3, 18h

Serviço: Centro Cultural São Paulo - Sala Lima Barreto. Centro. De 26/2 a 2/3. Grátis.