Senhora dos afogados recebe montagem musical

Uma morte misteriosa, personagens de caráter duvidoso e um núcleo familiar em conflito são os elementos-chave de Senhora dos afogados, tragédia escrita por Nelson Rodrigues em 1947

Proibida pela censura vigente na época, a peça só estreou em 1954, no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Assim com outras obras do autor, Senhora dos afogados foi encenada por inúmeras companhias ao longo dos anos, e recebe agora da Cia. Firma de Teatro uma nova leitura. Dirigida por Zé Henrique de Paula, a montagem entra em cartaz dia 1º no Centro Cultural São Paulo, após curta temporada no Teatro Imprensa.

O primeiro contato com a saga da família Drummond ocorre com a morte de Clarinha, aos 15 anos. Um cortejo fúnebre abre o espetáculo, e já anuncia a proposta da montagem de transformar a tragédia em um musical dramático. Durante a encenação, são interpretadas  11 canções consagradas, como Pedaço de mim e A Ostra e o vento, de Chico Buarque, Meu veneno, de Milton Nascimento, e A ilha, de Djavan. A direção musical é assinada por Fernanda Maia.

Na peça, o mar é um personagem que atua como algoz do clã familiar, assassinando as ilhas de Misael e Eduarda Drummond, sem nunca devolver os corpos. Aos poucos, o verdadeiro caráter de Moema, outra ilha do casal, vem à tona, imprimindo ritmo à narrativa a partir de uma seqüência de revelações.

Considerado “corajoso” pela crítica especializada, o diretor ousou apenas na sonoridade, mantendo-se fiel ao texto de Rodrigues.

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Espaço Cênico Ademar Guerra. Centro. De 1°/4 a 1º/5. 3ª a 5ª, 21h. R$15. Dia 8, preço popular: R$ 2