Plácido de Campos Jr. é homenageado no CCSP

Coordenador do Núcleo de Cinema e Vídeo do Centro Cultural São Paulo, o cineasta Plácido de Campos Jr. morreu vítima de câncer de pulmão em março, aos 63 anos

No mês de julho, o mesmo departamento presta-lhe uma homenagem, organizando um ciclo que contém filmes dirigidos ou orientados por ele, além de um debate. Todas as atividades ocorrem na Sala Lima Barreto.

Natural de Goiás, Plácido viveu em São Paulo desde os 12 anos. Na cidade, estudou cinema na Universidade de São Paulo, onde teve aula com grandes mestres, como Roberto Santos e Paulo Emílio Salles Gomes.

Além de contemplar a trajetória cinematográfica de Plácido, a curadoria da mostra se preocupou em incluir trabalhos de alunos do cineasta, que lecionou na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). A presença do professor pode ser notada também nas equipes de filmagem, já que ele assina, em alguns casos, a assistência de produção e a montagem.

O ciclo Plácido de Campos Jr. – Homem de Cinema será aberto dia 29 com a exibição do curta-metragem Pra frente Brasil (1970). Tendo direção e fotografia do próprio cineasta, o documentário acompanha a tensão pela qual passava o povo brasileiro, em plena ditadura militar, durante a Copa do Mundo de Futebol. 

O pesquisador da área de cinema, Inimá Simões, participa, dia 29, às 20h, de um debate com Arnaldo Fernandes Junior, atual coordenador da Curadoria do Audiovisual do Centro Cultural São Paulo, sobre a contribuição cinematográfica de Plácido. Colega do cineasta como professor da Faap, Inimá garante que “Ele era um camarada com talento para cinema”. Entre as qualidades do amigo, salienta sua vasta cultura geral. “Plácido não entendia só de cinema, gostava de artes plásticas e literatura. Era um excelente professor”, conclui.

ServiçoPlácido de Campos Jr. – Homem de Cinema. Centro Cultural São Paulo - Sala Lima Barreto. Rua Vergueiro, 1000 - Centro. De 29/7 a 3/8. 16 Anos. Grátis

Apoio: Cinemateca Brasileira, Museu de Arte Moderna (MAM), Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Facom/Faap, Raiz Produções Cinematográficas e Museu da Imagem e do Som (MIS/SP). Agradecimentos: Carmelita, Aloysio Raulino, Bernardo Vorobow, Djalma Limongi Batista, Francisco Ramalho Jr., Gilberto Santeiro, Hernani Heffner, Inimá Ferreira Simões, Joel Yamaji, José Gozze, Marília Santos, Mário Kuperman, Maurice Capovilla, Paulo César Saraceni, Regina Davidoff, Regina Jehá e Rubens Fernandes Jr.

O Ciclo presta homenagem ao cineasta, fotógrafo, produtor cultural, professor e programador de cinema, Plácido de Campos Jr., morto no último dia 4 de março. 

  • PRA FRENTE BRASIL
    (1970, 9 min, 35mm). Dir.: Plácido de Campos Jr. Dir. de fotografia: Plácido de Campos Jr., José Augusto Berlinck e Rudá de Andrade.
    Em plena ditadura militar, o documentário mostra a tensão pela qual passava o país durante a conquista do Tricampeonato de Futebol, no México, em 1970.
  • MOÇAMBIQUE
    (1974, 16 min, 16mm). Prod. e dir.: Plácido de Campos Jr., Errol Sasse e Walter L. Rogério.
    Registro da festa rural da periferia de São José dos Campos, que tem na dança de Moçambique seu momento de expressão cultural popular mais significativo.
  • O TREM DA SERRA
    (1977, 15 min, 16mm). Dir. e fotografia: Plácido de Campos Jr.
    Documentário sobre a construção da estrada de ferro que une São Paulo a Santos, atravessando a Serra do Mar; e os dois sistemas de tração: o funicular – mais antigo – e a cremalheira recém-implantada, como forma de economia de combustíveis e mão-de-obra.
  • AO SUL DO MEU CORPO
    (1981, 100 min, 35mm). Dir.: Paulo César Saraceni. Dir. assistente: Plácido de Campos Jr. Com Ana Maria Nascimento e Silva, Paulo César Pereio, Nuno Leal Maia e outros.
    Professor estéril planeja um encontro amoroso entre sua mulher e seu melhor aluno, para quem tenham um filho. Da união, nasce um menino que aos 25 anos é morto por subversão. O filme é baseado no conto Duas vezes com Helena, de Paulo Emílio Salles Gomes.
    / Exibições seguidas. Dia 29, 16h
  • O PROFETA DA FOME
    (1969, 93 min, 35mm). Dir.: Maurice Capovilla. Assistente de cenografia: Plácido de Campos Jr. e Aloysio Raulino. Com José Mojica Marins, Mauricio do Valle, Sérgio Hingst e outros.
    O faquir Alikhan é a principal atração de um circo decadente. Mas ele se nega a ir até o final de um número em que teria de comer carne humana.
    / Dia 29, 18h30

  • DEBATE
    • PLÁCIDO DE CAMPOS JR. – HOMEM DE CINEMA
      Debate entre Inimá Simões e Arnaldo Fernandes Jr. Mediação: Luiz Felipe Miranda.
      Inimá Ferreira Simões é formado em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). A partir dos anos 80, trabalhou por mais de uma década na equipe de cinema da Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo. É também autor de vários livros sobre cinema. 
      Arnaldo Fernandes Junior é administrador, geógrafo e curador de audiovisual. Trabalha com cinema há mais de 15 anos, tanto na gestão de projetos quanto na curadoria de eventos audiovisuais. Desde 1996, ao lado de Plácido de Campos, coordenou o Núcleo de Cinema e Vídeo do CCSP (atual Curadoria do Audiovisual).
      Luiz Felipe Miranda é autor de vários livros sobre cinema, entre dicionários e enciclopédias, além de ter colaborado em livros de diversos autores. Trabalhou durante dez anos na equipe de cinema da Divisão de Pesquisas. Atualmente pertence à Curadoria do Audiovisual, onde trabalhou com Plácido.
      Na seqüência, serão exibidos os filmes Rua 100 – New York e Curumim (veja sinopses abaixo).
      / Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto. Centro. Dia 29, 20h. Grátis
  • RUA 100 – NEW YORK
    (1969, 9 min, 16mm). Dir.: Plácido de Campos Jr. e Aloysio Raulino.
    Leitura cinematográfica da reportagem de Bruce Davidson, publicada na revista DU, em março de 1969, sob o título New York - East 100th Street. Filme realizado em table-top, com fotos que mostram porto-riquenhos radicados em Nova York e a situação de miséria e marginalidade em que vivem. Ganhador do Diploma Especial do Festival de Leipzig.
  • CURUMIM
    (1978, 68 min, 35mm). Dir.: Plácido de Campos Jr. Com José Roberto Retti, Ana Maria Marin, Dirce Militello e outros.
    Procurando seu papagaio, garoto encontra o mundo lendário dos indígenas adormecidos pela magia do Rei do Sono. Com o auxílio de Curupira, o menino e seu papagaio conhecem Cy, a Lua, que liberta a Noite e recupera o sono natural da aldeia enfeitiçada. Único longa-metragem dirigido por Plácido.
    / Exibições seguidas. Dia 29, após o debate
  • BÍPEDES
    (2001, 19 min, 16mm). Dir.: Caetano Caruso. Com Renata Zhaneta, Caetano Caruso e Fernando Cáceres.
    Por estarem no mesmo local, ao mesmo tempo, um grupo de seres humanos têm seus destinos cruzados.
  • TABACO
    (2001, 15 min, 16mm). Dir.: Henrique Rodriguez. Com Priscilla Maia, Heraldo Guiaro, Anísio Moreira e Lucinda Murari.
    Crônica urbana.
  • OS FIÉIS
    (2002, 17 min, 35mm). Dir.: Danilo Solferini. Com Gustavo Brandão, João Bresser e Donizete Menezes.
    Três amigos contam as aventuras vividas durante uma famosa partida de futebol do Corinthians no Maracanã, no Rio de Janeiro. 
  • A VOLTA DO REGRESSO
    (2007, 14 min, 16mm). Dir.: Marcelo Valeta. Com Gustavo Engracia, Ênio Gonçalves, Carlo Mossy e Kate Hansen.
    Filho de uma ex-chacrete convence um veterano profissional do cinema a produzir seu longa-metragem de estréia. Uma delirante adaptação de Rei Lear, de Shakespeare.
  • ALPHAVILLE
    (2007, 1min85, 35mm). Dir.: Paulinho Caruso. Com Antônio Abujamra, Fabio Marcoff, José Luis Datena e outros.
    Ficção científica sobre o Terceiro Mundo.
    / Exibições seguidas. Todos os filmes foram realizados por alunos da Faap, orientados pelo profº Plácido. Dias 30 e 31, 16h
  • CINEMA PAULISTA – OVO DE CODORNA
    (1974, 20 min, 16mm). Dir.: Bernardo Vorobow. Montagem: Plácido de Campos Jr. e Eduardo Leone. Com a participação de Romam Stulbach, Carlos Farah, Pio Zammuner, Tony Vieira, Ozualdo Candeias e Sérgio Hingst.
    Discussão a respeito do cinema marginal paulista. Confronto entre depoimentos de alunos da ECA e opiniões dos próprios cineastas, reunidos em um bar da histórica boca-do-Lixo.
  • CRISTAIS DE SANGUE
    (1975, 80 min, 35mm). Dir.: Luna Alkalay. Montagem: Plácido de Campos Jr. Com Salma Buzzar, Emmanuel Cavalcanti, Tuna Espinheira e outros.
    Drama rural de conotações sociais filmado na Chapada da Diamantina, no interior do estado da Bahia.
    / Exibições seguidas. Dia 30, 18h
  • BIXIGA ANO ZERO
    (1971, 11 min, 35mm). Dir.: Regina Jehá. Foto de cena: Plácido de Campos Jr.
    Documentário sobre o bairro do Bixiga, mostrando as modificações ocorridas desde a chegada dos imigrantes italianos até a decadência dos cortiços. O filme é intercalado por poesias e textos de Drummond, Manuel Bandeira e Alcântara Machado.
  • ANUSKA, MANEQUIM E MULHER
    (1968, 95 min, 35mm). Dir. e roteiro: Francisco Ramalho Jr. Assistente de prod.: Plácido de Campos Jr. Com Francisco Cuoco, Marília Branco, Jairo Arco e Flexa e outros.
    Manequim tenta subir no mundo da alta costura. O ambiente em que vive acaba comprometendo seu romance com um jornalista e escritor que a apóia, levando à decadência da modelo e ao fracasso o autor.  O filme foi baseado no conto Ascensão ao mundo de Anuska , do livro Depois do sol, primeira obra do escritor Ignácio de Loyola Brandão.
    / Exibições seguidas. Dia 30, 20h
  • SÃO SIMÃO, ADEUS
    (1976, 24 min, beta). Dir.: Mario Kuperman. Dir. de fotografia: Plácido de Campos Jr. e Mário Kuperman.
    O filme documenta a beleza do canal de São Simão. Ao mesmo tempo, analisa as transformações causadas pela expansão no fornecimento e no consumo de energia elétrica.
  • ÊXODO RURAL
    (1976, 24 min, beta). Dir.: Mario Kuperman. Dir. de fotografia: Plácido de Campos Jr., Aloysio Raulino e Mario Kuperman.
    Esse documentário se propõe a entender o êxodo e as suas conseqüências na realidade brasileira.
  • O IRMÃO DA ESTRADA
    (1976, 26 min, beta).  Dir.: Mario Kuperman. Dir. de fotografia: Plácido de Campos Jr. e Mario Kuperman.
    Tendo como protagonista a figura do caminhoneiro, o documentário trata do papel do caminhão na circulação de mercadorias e na expansão das fronteiras econômicas brasileiras. 
    / Exibições seguidas. Dia 31, 18h
  • ENSINO VOCACIONAL
    (1969, 14 min, 16mm). Dir.: Plácido de Campos Jr., Aloysio Raulino, Jan Koudela, João Cândido, Roman Stulbach e Walter Luís Rogério.
    Direção coletiva que trata das experiências de ensino vocacional no Colégio Oswaldo Aranha, em São Paulo, que colocava o aluno em contato com a realidade do país.
  • VICTOR BRECHERET
    (1973, 10 min, 35mm). Dir.: Plácido de Campos Jr.
    Documentário abordando a vida e obra do escultor Victor Brecheret, importante artista que integrou a Semana de Arte de 22.
  • VOZES DO MEDO
    (1970, 95 min, 35mm). Coord. geral: Roberto Santos. Dir. de diversos cineastas: Roberto Santos (episódios: Treiler de um jovem brigador, Caminhos, Retrato de um jovem brigador e Pantomima das três Forças); Helio Leite de Barros (episódio: Pecunia); Mamoru Myao (episódio: Aborto); Adilson Bonini (episódio: O Jogo do ludo); Augusto Correa (episódio: Os vencedores); Roman Stulbach (episódio: O mundo é cor-de-rosa); Ruy Perotti Barbosa (episódio: The Super Woman); Plácido de Campos Jr. (episódio: Produto); Gianfrancesco Guarnieri (episódio: Aquele dia 10); Cyro Del Nero (episódio: As bonecas) e Maurice Capovilla (episódio: A loucura). Com Claudio Mamberti, Antonio Pitanga, Julia Miranda e outros.
    A juventude paulistana de 1970, seus medos, angústias, incertezas, anseios sociais e filosóficos, focalizada em episódios organizados como se fosse uma revista: ensaio, crítica, crônica, inquérito, reportagem, história em quadrinhos, depoimento. Os 12 diretores mesclam cinema-atualidade com ficção, desenho animado, realismo fantástico e outras tendências e manifestações caracterizadas pela livre expressão do pensamento. 
    / Exibições seguidas. Dia 31, 20h