Verticalização das cidades traz novas possibilidades de mercado para profissionais do verde

Texto: Regina Ramalho

Alunos do Fábrica Verde participaram da 9ª Conferência Produção Mais Limpa, realizado no Memorial da América Latina, os estudantes aproveitaram o evento para divulgar o trabalho, vender mudas de flores e folhagens e, principalmente, trocar experiências com outros empreendedores sociais sobre novos nichos de mercado provocados pela verticalização das cidades e a necessidade dos seres vivos de conviverem e desfrutarem de áreas verdes.

A verticalização das cidades é um processo urbanístico que ocorre cada vez mais nas grandes metrópoles e consiste na construção de edifícios monumentais, provocando o aumento do aquecimento global. Esse é um processo que, acreditam os ambientalistas, pode ser minimizado com o crescimento planejado, incluindo a reforma e construção dos chamados prédios verdes e jardins verticais. Setores onde já existem demandas de profissionais, mas falta mão de obra especializada.

Empregos- Para a gestora responsável pelo setor de expansão de rede da empresa Quadro Vivo, Cristina Figueiredo, é muito difícil encontrar jardineiros que saibam o básico da jardinagem e experiência em paisagismo vertical. “A maior parte dos jardineiros só domina a técnica de jardinagem horizontal. Quando encontramos quem sabe o básico, fornecemos treinamento para o exercício desse trabalho de maneira diferenciada, incluindo a jardinagem aliada ás técnicas de rapel” explica Cristina.

O ambientalista, fundador da ONG Amigos das Árvores de São Paulo e mestre em Botânica na USP- Universidade de São Paulo, Ricardo Henrique Cardim, cita a falta de qualificação dos jardineiros para o não preenchimento das vagas de emprego no setor. “A tecnologia SkyGarden para telhados verdes e jardins elevados está no seu avançado solo, que reproduz em poucos centímetros a fertilidade de metros de terra, sendo conhecido no Japão como o solo dos sonhos e pode ser vendida em sacos de 40 litros práticos de serem instalados. A maior dificuldade é encontrar profissionais do verde especializados no plantio e na manutenção dos mais diversos tipos de plantas”, afirma Cardim.

Planos - Os alunos do Programa Fábrica Verde, Jane Duarte, 49 anos e Adaljizo José Duarte, 55 anos, são irmãos e têm em comum a paixão pelo verde e meio ambiente e o fato de estarem desempregados. Os irmãos, juntamente com a amiga Maria Teresa Caeiro, formaram um grupo e estão organizando uma pequena loja de ervas e produtos medicinais. Durante a conferência tomaram conhecimento de novos mercados como os jardins verticais e os prédios verdes e planejam aperfeiçoar conhecimentos sobre o tema.

“Sem muitas pretensões, fiquei sabendo do Programa e resolvi fazer minha inscrição. Quando as aulas começaram, minha surpresa foi muito grande, fiquei impressionada com a quantidade de informação e toda a parte prática. Então, eu e meu irmão que sempre tivemos o hobby de cultiva plantas em casa, estamos nos organizando juntamente com outra amiga do curso para montar um negocio, agora planejamos nos aperfeiçoar em paisagismo e aproveitar os novos mercados”, diz Jane.

O engenheiro agrônomo, Wagner Novais, explica que as participações dos alunos em seminários, conferencias, feiras e eventos, servem de base para que possam buscar oportunidades de trabalho, apreender a organizar pequenos grupos de empreendedores ou cooperativas e dessa forma poder continuar caminhando sozinho após o curso. Para o professor o interesse dos alunos pode levar o curso também para novos caminhos e informa que ainda nessa edição será acrescentado as aulas um capitulo sobre os telhados verdes e jardins verticais.

“A participação em eventos desse porte faz parte do conteúdo programático composto por aulas teórico e práticas nas quais os alunos de jardinagem realizam durante todo o curso. As vivências experimentadas em ação similares permitem aos futuros profissionais do verde, a oportunidade de adquirir experiências essenciais para a segunda etapa da formação dos jardineiros, que é a elaboração de projetos de empreendedorismo. Além disso, os aprendizes são capacitados para atuarem na produção de compostos orgânicos” explicou Novais.

O programa, que já está na quarta edição, possui duração de um ano, sendo que os seis primeiros meses são de capacitação e incubação do empreendedorismo (com bolsa auxílio) e os outros seis de acompanhamento e apoio ao empreendimento em formalização (sem bolsa), período que os beneficiários terão apoio técnico e capacitação para fortalecer o empreendimento.

A ação faz parte do Programa Operação Trabalho e atende a pessoas sem emprego, a partir dos 18 anos de idade, que esteja desempregado há mais de quatro meses e não recebe o Seguro Desemprego, cuja renda familiar seja de até meio salário mínimo (por pessoa), residente no município de São Paulo há mais de 1 ano.