Prefeitura de São Paulo coordena mesa temática em encontro internacional sobre Sistemas Alimentares

Produção e consumo responsável e medidas para promoção da segurança alimentar e nutricional foram abordadas pela cidade de São Paulo

No início da tarde desta terça-feira (18), a partir das 14h, aconteceu o evento virtual “Diálogo Independente sobre sistemas de alimentos nas cidades da América Latina”, organizado pelo ICLEI América Latina em parceria com a FAO – Food and Agriculture Organization da ONU - Organização das Nações Unidas. O encontro teve a cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, como anfitriã e contou com participações de outras cidades brasileiras como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro, além de representantes de outras capitais latinoamericanas como Lima, no Peru e Montevidéu, no Uruguai.

Na abertura do evento, João Intini, da FAO e Rodrigo Corradi, do ICLEI, homenagearam o prefeito Bruno Covas, que faleceu no último domingo em decorrência de um câncer. “Era um líder inspirador que dedicou sua vida à causa pública”, ressaltou Corradi.

Durante sua fala para todos os presentes, João Itini fez uma apresentação ampla que abordou diversos conceitos e temas relacionados aos sistemas alimentares. Entre os dados apresentados, ele destacou que a população das cidades aumentará até 2030, chegando a 70% das pessoas de todo o mundo, por isso, o setor rural merece atenção, pois é a origem de frutas, legumes e verduras, que são a base de uma alimentação saudável.

Quanto à pandemia da covid-19, ele destaca que os sistemas agrícolas foram menos impactados que outros setores econômicos. “Este é um sistema que emprega 1 bilhão de pessoas em todo o planeta e a vida de outras 3,5 bilhões de pessoas são dependentes pois integram a cadeia”, explica. A questão do aumento da pobreza também é uma preocupação, pois o desemprego e a insegurança alimentar são fortemente agravados pelas medidas de distanciamento social, que afetam de forma mais significativa as pessoas em situação de vulnerabilidade, acentuando as desigualdades sociais e de gênero.

Itini encerrou enfatizando que para superar estes desafios é imprescindível “convocar a todos para atuarem com mais força e mais entusiasmo por uma alimentação saudável, ampliando as plataformas e planos de trabalho”.

Representando a cidade de São Paulo, responsável pela coordenação de uma das salas temáticas, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Armando Júnior, falou sobre os programas municipais que fazem interface com a produção e o consumo sustentável além da promoção da segurança alimentar e nutricional junto à população vulnerável. Entre as ações destacadas estavam o projeto Ligue os Pontos, Programa Municipal de Combate ao Desperdício, Banco de Alimentos e Rede Cozinha Cidadã. “Nossos programas atuaram no combate à fome e na geração de emprego e renda para famílias em situação de vulnerabilidade, principalmente nas periferias da cidade”, destacou.

Na sequência, foi a vez dos convidados falarem sobre o tema. O primeiro foi Mike Oliveira, da Fundação Ellen McArthur, que abordou a necessidade de melhorar a dieta das pessoas que acaba sendo restrita por desconhecimento. Outro ponto é a questão dos resíduos orgânicos, pois a ideia é eliminar este conceito quando a economia circular é colocada em prática.



Virginia Antonioli, gestora ambiental da WWF Brasil, falou sobre desenvolver projetos piloto e testar modelos de ações de sustentabilidade pensando em identificar gargalos e ampliar as iniciativas bem sucedidas. “A WWF desenvolve ações em todos os biomas brasileiros”, ressalta.

Representante do projeto Gastronomia Periférica, o Chef Edson Leite iniciou sua fala enfatizando a importância a mão de obra da periferia da cidade na alimentação da cidade de São Paulo. “Todos os restaurantes tem alguém da periferia trabalhando”, explica. Para poder ampliar o acesso de moradores destas regiões às oportunidades de trabalho, ele defende que a formação e capacitação são essenciais, mesmo que seja por meio do ensino à distância (EAD).

O projeto Mesa Brasil do SESC é uma iniciativa que já completou 26 anos de existência em São Paulo e foi implantado, posteriormente, em várias cidades do interior e litoral. A partir de 2003, chegou a todas as capitais brasileiras. Luciana Machado, coordenadora do programa, explica que o objetivo agora é aumentar o número de doações e incentivar ao aproveitamento integral do alimento, evitando o desperdício. “Atendemos a 40 mil famílias e arrecadamos entre 200 e 250 mil kg de alimentos por mês”, detalha.

Após o debate na sala temática, os presentes retornaram ao encontro principal para o encerramento. A representante da cidade anfitriã, Darklane Rodrigues Dias, Subsecretária De Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte, encerrou o encontro lembrando que a pandemia da covid-19 agravou uma crise alimentar que já existia.

“A covid agravou a já dura realidade e fez o mundo todo parar para enxergar as pessoas além de indivíduos, como coletividade”, enfatizou. “Os municípios demonstraram vontade política de superar este desafio imposto para todo o mundo. A parceria com a sociedade civil e iniciativa privada é fundamental para atuarmos na redução dos impactos na vida das pessoas mais vulneráveis”, afirmou.