Refugiados afegãos em São Paulo contam com suporte da Prefeitura para conseguir emprego

Trabalho intersecretarial une acolhimento, tradutores de línguas e cadastro para vagas de emprego

 

 

Chegar a um país desconhecido, em decorrência de uma situação extrema em sua terra natal, não é algo que as pessoas desejam, no entanto, milhares de imigrantes estão nessas condições em várias partes do mundo, inclusive na cidade de São Paulo. A fim de acolhê-los e dar a assistência necessária a Prefeitura de São Paulo atua em várias frentes, como as realizadas no final de novembro deste ano. Na ocasião, um grupo de 30 imigrantes do Afeganistão participou do Contrata SP, mutirão de emprego, organizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.

As equipes técnicas do Cate já tinham realizado uma triagem destes refugiados em um dos centros de acolhida da administração municipal para verificação do perfil profissional. Nas duas ações houve apoio de intérpretes de línguas a fim de facilitar o cadastro dos participantes. A maioria dos atendidos tinham idades entre 16 e 60 anos, sendo a maioria composta por homens.

Na participação no Contrata SP, os participantes receberam apoio para fazer a carteira de trabalho e realizar inscrições tanto para processos seletivos de vagas de emprego quanto para participar do POT – Programa Operação Trabalho.

“Sabemos que uma das partes mais essenciais e desafiadoras na vivência de imigrantes, sobretudo refugiados, no Brasil e no mundo, é conseguir emprego ou uma fonte de renda. Queremos que essas pessoas tenham qualidade de vida, condições de se manter aqui e se integrar à sociedade brasileira. Por isso, estamos agindo em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social para fornecer todo o apoio necessário aos afegãos na busca por emprego digno”, ressalta a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso.

Atualmente, mais de 90 refugiados do Afeganistão estão instalados no CAE Ebenezer (Centro de Acolhida Especial), unidade localizada na Penha, zona leste da capital. Eles chegaram em São Paulo há aproximadamente dois meses, fugindo dos conflitos que assolam seu país de origem. O CAE é administrado pela Organização da Sociedade Civil CEBASP – Comunidade Educacional de Base Sítio Pinheirinho, e é responsável por oferecer todos os cuidados necessários na adaptação dos imigrantes na cidade, ajudam em todas as necessidades que se referem à saúde, educação, alimentação, lazer e segurança.

De todas as dificuldades relatadas pelos participantes do mutirão, a mais impactante é a barreira do idioma. “O maior problema para conseguir emprego é a língua. Alguns de nós até conseguem se comunicar em inglês, mas as pessoas com quem vamos trabalhar aqui não falam”, explicou o jovem Abdul Hakim Ahmadi.

No dia a dia no CAE todos os acolhidos fazem aulas de português, por meio da parceria com o Instituto Educação Sem Fronteiras, e avançar no domínio do idioma é indicado como uma das condições prioritárias para a consolidação da vida no Brasil.

Abdul também contou sobre suas aspirações vivendo no país. “Estou procurando um emprego, mas não quero só trabalhar, também quero estudar. Ainda não terminei os estudos, mas depois que concluir o ensino médio e aprender português, quero ir para a universidade. Tenho muitos planos para o futuro. Quero poder trabalhar e estudar ao mesmo tempo”. E complementa falando por todos os seus companheiros: “Nós queremos ficar aqui no Brasil, queremos nos integrar na sociedade e ser parte do país. E, para isso, ações de apoio promovidas pelo governo, como esse voltado ao trabalho, são muito importantes. Precisamos de ajuda do governo brasileiro para conseguirmos nos reerguer e conquistar autonomia”.

“Sabemos o quanto é difícil abandonar tudo e seguir para outro país em busca da paz, de proteção e de segurança. E quando isso envolve também um choque cultural e de idioma, associado à busca por emprego em meio a essas adversidades, o processo torna-se ainda mais complexo, fazendo-se ainda mais necessário um trabalho multidisciplinar. Por isso, estamos também fazendo o esforço de proporcionar mediadores que nos ajudem na questão da língua e de buscar parceiros dentro e fora da gestão municipal para que possamos proporcionar condições de vida digna daqui pra adiante a essas pessoas. O esforço diante de uma crise humanitária precisa contar com o olhar humanizado”, afirma o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.

Hassan e Tahera Jafari, pai e filha, concordam. Hassan já teve diversas profissões no país de origem, incluindo joalheiro, vidraceiro e apicultor. Nos dedos, ele exibiu os anéis de confecção própria, enquanto falava. “É muito bom o Cate se propor a nos ajudar a começar uma profissão aqui, ou indicar lugares em que podemos conseguir um emprego. Quando conseguir aprender português, poderei ter uma profissão no Brasil e também ajudar outros colegas refugiados a conseguirem emprego”.

Ahmad Fahim, que era repórter televisivo no Afeganistão, também relatou suas esperanças em relação ao Brasil. “Nós começamos do zero aqui. Eu estou com a minha família, tenho uma mulher e dois filhos. Não sei como o nosso futuro vai ser, mas estou tentando construir uma vida melhor para eles e para mim”.

Apesar das adversidades, os participantes têm demonstrado simpatia pelo país que os tem acolhido. Tahera reforça que todos estão melhorando suas habilidades em português e tentando se adaptar a cultura e conhecer o país. “Nós escolhemos o Brasil como nosso segundo lar”.

 

 Por: Camila Sales Machado

 

 

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