Cidade de São Paulo concentra 21% dos empregos do audiovisual no país e Prefeitura estuda formas de incentivo ao setor

O Observatório do Trabalho apresenta as análises para contribuir com o fomento e a superação dos desafios no segmento

 


Na última quinta-feira (20), o Observatório do Trabalho, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, realizou uma oficina online (via Teams) com servidores públicos de diversos órgãos para apresentar os resultados das análises feitas sobre emprego, renda e formação no setor de audiovisual. O objetivo é dar suporte à formulação de políticas públicas e atuação conjunta entre as diversas secretarias do município para estimular o crescimento dessa atividade.


Ao longo das duas horas de oficina, a equipe mostrou os dados coletados por diversas instituições de pesquisa e os participantes puderam debater sobre desafios e perspectivas. “Essas ações integradas ajudam os nossos servidores a entenderem melhor os diferentes mercados de trabalho e setores econômicos. Graças ao levantamento do Observatório do Trabalho, pudemos ter uma troca de experiências e informações entre núcleos distintos. Agora, temos as ferramentas necessárias para implementar políticas públicas efetivas e colaborativas para o audiovisual”, destaca o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho em exercício, Armando Junior.

Com base no estudo, o Observatório do Trabalho concluiu que a cidade de São Paulo é um dos maiores polos do audiovisual nacional, reunindo 21% dos empregos no setor em relação a todo o restante do país – superando, por exemplo, o Rio de Janeiro. Porém, alguns pontos ainda dificultam a implementação de medidas de incentivo, como o crescimento do trabalho informal e as mudanças aceleradas pelas quais a atuação no campo vem passando.


Quais são os indicadores?
As atividades dentro da área são muito amplas, diversas e numerosas. As pesquisas consideram desde produção, pós-produção e distribuição de obras cinematográficas, vídeos, anúncios, programas de televisão e jogos digitais, até atividades como programação, comércio, operadoras e mais. Ou seja, o audiovisual inclui empresas e também profissionais de segmentos artísticos, técnicos, de publicidade e propaganda, de tecnologia, entre outros. Tudo isso agora se soma à crescente atuação em redes sociais.


Por conta da grande cadeia produtiva, a terceirização e a fragmentação do trabalho vêm aumentando. Uma consequência disso é que, segundo o levantamento, de 2019 a 2022 a taxa de formalização (pessoas empregadas no modelo CLT) na cidade caiu de 83,3% para 79,3%. Enquanto isso, o número de MEIs – Microempreendedores Individuais cresceu 81% durante o período e atualmente está perto de dobrar de tamanho em relação a 2019.


Isso também é causado porque as produtoras expandem ou encolhem o número de funcionários com base nos projetos que entram e na necessidade, optando por realizar contratações de profissionais autônomos, por meio de pessoa jurídica, ou mesmo “por fora”, sem vínculo nenhum. Alguns dos trabalhadores também acabam realizando um regime com características de CLT, porém sem receber formalização, mantendo a contratação PJ. Isso tudo acaba dificultando o mapeamento pelos órgãos públicos, por conta da alta rotatividade e inconstância.


O levantamento também aponta que a remuneração média real (que considera a inflação e o poder de compra) também caiu 4,8% entre 2018 e 2021, porém a maioria dos setores econômicos experienciaram essa perda durante o período, por conta da crise econômica gerada pela pandemia.


Um dos destaques são as aglomerações produtivas, que são atividades econômicas em pequenas regiões cercadas de fornecedores e clientes, favorecendo a competição industrial pela criação de vantagens competitivas, como: grande número de mão-de-obra especializada para a demanda local; fácil acesso a fornecedores especializados; redução dos custos de transporte e; transbordamentos locais pela rede de informações e divulgação dos conhecimentos.


Em São Paulo, os distritos com maior concentração no setor de audiovisual são os da Barra Funda, Morumbi, Mandaqui, Itaim Bibi e Campo Belo. A presença de sedes de grandes emissoras de TV aberta nesses bairros influencia esses aglomerados. Foram identificados também alguns locais com potencial de crescimento, como Pinheiros e Lapa. O objetivo é incentivar os polos já existentes e a formação de novos.


Em relação à formação profissional, o número de cursos a nível superior relacionados ao audiovisual continua concentrado na área de publicidade e propaganda, porém uma grande mudança ocorreu de 2018 em diante: o surgimento de cada vez mais matrículas em jogos digitais, incluindo a criação de instituições especializadas para isso. Tudo indica que este mercado será destaque nos próximos anos.


Outras mudanças e evoluções também exigem atenção e adaptações nas pesquisas e na elaboração de políticas públicas. Por exemplo, as novas (e gigantes) plataformas de streaming que vem ocupando cada vez mais o mercado nacional, que obtém seu conteúdo por meio da contratação terceirizada de pequenas produtoras locais. E, tão impactante quanto, a ascensão das redes sociais, dos criadores de conteúdo e influenciadores digitais.


Os projetos


Agora, com esse amplo panorama, os servidores da cidade de São Paulo têm uma base sólida para continuar elaborando e implementando os projetos de incentivo para alavancar o segmento audiovisual da Capital. Muitos deles já existem e estão dando frutos, como a aceleração do Vai Tec Games, que oferece suporte e subsídio a empreendedores na área de jogos digitais, e o programa Bolsa Trabalho em parceria com o Instituto Criar, que promove formação gratuita na área para jovens de baixa renda. Ambos são iniciativas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho. Confira mais nos sites da Ade Sampa e da SMDET.

 

 

 

Por: Camila Sales Machado

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