Emprego diminui reincidência no sistema prisional, revela especialistas em seminário

Por: Regina Ramalho

O seminário, promovido pela Semdet- Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, voltado para o público egresso do sistema prisional destacou o trabalho como sendo o principal aliado para evitar que pessoas que já cumpriram suas penas, retornem ao sistema prisional de São Paulo. Essa informação foi transmitida pelo professor de Relações do Trabalho da Universidade de São Paulo, José Pastore, ao apresentar estudo realizado no período de 2010 a 2011, demonstrando alto índice de reincidência criminal. "As pesquisas demonstram que, quando o egresso trabalha ainda dentro do sistema prisional ou consegue emprego após sua saída, o índice de reincidência, que hoje é 70%, apresenta uma queda de 20%", explica Pastore.

Um dos fatores que impedem o egresso de conquistar uma oportunidade de trabalho é o preconceito. Para reverter esse quadro o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, aponta o microcrédito como alternativa. "O egresso carrega consigo um estigma que pode durar a vida inteira, impedindo-o, em razão do preconceito, de ser contratado pelas empresas. O microcrédito é dos caminhos para sua socialização, já que o consumidor final sequer fica sabendo que este trabalhador já integrou o sistema prisional", afirma.


A responsável pela alocação de mão de obra, da Fundação "Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel", do governo do Estado, Maria Solange Rosalem Senese, concorda que o trabalho é o melhor caminho para a socialização dos ex-presos. "Já que 76% dos delitos são de natureza leve, não prender é um bom caminho para socialização e o outro é o trabalho; por isso, contamos com projetos que profissionalizam o preso ainda dentro do sistema", explica Maria Solange.

O trabalho foi o caminho encontrado pelo egresso Sergio Ricardo Trinca, "Graças a oportunidade de trabalho que consegui no CAT, já posso terminar meus estudos e, futuramente, estudar Direito", planeja. Para o egresso, Antonio Hermes de Sousa, que coordena a instituição "NUA- Nova União da Arte", e trabalha nas comunidades carentes, levando arte onde antes existia apenas a "carreira do crime", a oportunidade de trabalhar como artista plástico também foi o caminho para não retornar ao crime. "Fui pós-graduado no crime, em razão das passagens pelo presídio, mas graças a minha esposa e meu trabalho, como artista plástico, estou longe do crime e atuo como educador social contribuindo para que, no futuro, meus netos possam continuar brincando de bicicleta pelas ruas, ao invés de ingressar no crime", disse Sousa.

O outro lado- Para a selecionadora e representante da empresa Singalter, Carla Vieira Araujo quem da uma oportunidade para o egresso não se arrepende. "Os nossos trabalhadores egressos abraçam essa oportunidade de trabalho com dedicação", conta. A coordenadora de projetos Políticas Públicas do Instituto Ethos, Mariana Parra, também participou do seminário. "O Instituto Ethos, exerce o papel de sensibilizador, atuando junto às empresas e auxiliando a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, de maneira que a participação em um seminário que discute a inserção dos egressos da elementos para reforçar os trabalhos do instituto", explica Mariana.

Os trabalhos formam encerrados pelo mediador, sócio-diretor da Txai Consultoria, Reinaldo Bulgarelli, com as seguintes conclusões: "O seminário demonstrou a necessidade de mudanças atitudinais na forma de contratação, vencer o pré-conceito em relação aos potenciais do público egresso, gerar oportunidade de acesso ao trabalho, necessidades de geração de mais políticas públicas que capacitem e os incluam, indicadores sobre caminhos para reinserção social do egresso por intermédio de oportunidades de emprego e a importância da manutenção dos laços familiares".

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