Nascido na fazenda Bela Aliança, município de Limeira, interior paulista, em 14 de abril de 1938, seu Luca é o caçula dos oito filhos de Mássimo Jacon e Dozolina Rigom Jacon. Ele conta que passou sua infância na fazenda e começou a trabalhar muito cedo, nas lavouras de café. Com 7 anos de idade, depois que voltava da escolinha onde cursou até a 3ª série, há 4 km de distância da sua casa, ele trocava o caderno e o lápis pela enxada e o rastelo. “Acho um absurdo essas leis que proíbem menores de trabalhar, concordo que devemos proteger as crianças, mas serviço não mata ninguém e quem começa trabalhar de pequeno, cresce com responsabilidade e dá mais valor na vida”, diz.
Quando completou 18 anos, seu Luca mudou para Limeira e começou a trabalhar na indústria automobilística Ford. Mas, ao surgir uma proposta melhor, não pensou duas vezes e foi trabalhar na Kühl, Companhia Unida – Indústria de moagem, torrefação de café e refinação de açúcar, onde permaneceu até o ano de 1958. Nesse mesmo ano, vindo para a grande metrópole - São Paulo, agora rapaz com espírito de empreendedor, começa construir sua história no Mercado Municipal.
“A gente era em 10 sócios, todos parentes. Com um caminhão Mercedes-Bens, transportávamos as frutas produzidas na fazenda Bela Aliança e também de outras propriedades da região de Limeira. Quando o caminhão era descarregado, já havia fila de charretes e carroças de feirantes na frente do mercado para comprar os produtos, que chegavam fresquinhos da fazenda. Naquela época, a gente comercializava só no atacado. São Paulo estava no auge com as implantações das indústrias, o dinheiro girava com rapidez, o índice de desemprego era zero”, explica seu Luca. Embora relate momentos difíceis, por conta das enchentes na região. Em tempo de chuvarada, os lixos ficavam parados nos pilares, então o rio transbordava e inundava o mercadão, chegando aos três metros de altura. Para não atingir as frutas, os comerciantes se reuniam e faziam pilhas com caixas vazias para colocar as frutas encima.
O menino simples queria vencer na vida e mesmo cansado de trabalhar o dia todo, foi estudar a noite na Escola 30 de Outubro, que não existe mais. Assim, concluiu o curso de Técnico em Contabilidade. “Tudo que aprendi na Escola Técnica, aplico nesses 55 anos de comércio, os números são vivos na minha memória. O estudo é muito importante na vida das pessoas. Por isso aconselho os jovens estudarem muito. Hoje, estou com 75 anos, e posso dizer que o mercado municipal é o pulsar do meu coração. Aqui trabalho e sou visitado pelos amigos, fregueses e comerciantes, muitos deles já aposentados. É um recanto querido onde relembro o passado com muita saudade”, completa seu Luca.