Ciclo especial no Cine Direitos Humanos revisita o golpe civil-militar

Serão exibidos o longas-metragens brasileiros que contam a história da ditadura civil-militar no Brasil

Em memória do golpe civil-militar que ocorreu em 1964, oito filmes brasileiros farão parte de um ciclo especial no Cine Direitos Humanos. O ciclo acontecerá entre os dias 12 de março e 27 de Abril, e os filmes serão exibidos no Espaço Itaú de Cinema e no Centro Cultural Tiradentes, ambos com entrada franca.

Fazem parte do ciclo os longa-metragens Aconteceu Bem Aqui, de Camilo Tavares, AI 5 - O Dia Que Não Existiu, de Paulo Markun, Hoje, de Tata Amaral, Obra, de Gregório Graziosi, Vlado – 30 Anos Depois, de João Batista de Andrade, Os Advogados Contra a Ditadura: Por uma Questão de Justiça e Jango, ambos de Silvio Tendler e por fim, Entre Imagens (Intervalos), de André Fratti Costa e de Reinaldo Cardenuto, que é também curador da exposição "Antonio Benetazzo, permanências do sensível", que será inaugurada no dia 31 de março no Centro Cultural São Paulo.

A obra "Entre Imagens (Intervalo)", conta a história do militante assassinado Antonio Benetazzo

Um dos documentários com o maior número de espectadores da história do cinema brasileiro, “Jango”, de Silvio Tendler, refaz a trajetória política de João Goulart, presidente deposto nas primeiras horas após o golpe. A partir do contexto da Guerra Fria, o documentário exibe imagens da década de 60, resgatando a efervêscência política brasileira na época.

Também de Silvio Tendler, "Os Advogados Contra a Ditadura: Por uma Questão de Justiça", conta a história de advogados brasileiros que defenderam presos políticos durante a ditadura militar. Essenciais na defesa dos direitos humanos e das garantias desses cidadãos, o filme lembra as perseguições, as repressões e as imposições do autoritarismo sofridas por estes advogados.

“Hoje”, o mais recente título de Tata Amaral, revisita a ditadura militar brasileira a partir da história de uma mulher (Denise Fraga), que foi indenizada pelo governo pelo desaparecimento de seu marido (vivido pelo ator uruguaio Cesar Troncoso). Vencedor do Festival de Brasília, o filme recebeu os prêmios de melhor atriz, roteiro, direção de arte e fotografia.

A descoberta de um cemitério clandestino desestabiliza a vida de um arquiteto que, a partir disso, começa a questionar sua profissão, sua cidade a até mesmo o relacionamento com sua mulher. Filmado em preto e branco, em formato scope, o longa-metragem “Obra” conquistou prêmio de contribuição artística no Festival de Havana e, no Festival do Rio, os prêmios de melhor fotografia e de melhor filme latino-americano.

Em “Vlado – 30 Anos Depois”, o diretor João Batista de Andrade reconstitui os momentos mais dramáticos da trajetória de Vladimir Herzog, até sua morte em outubro de 1975 nas instalações do DOI-CODI. O filme retrata a perseguição sofrida pelos jornalistas que exerciam sua profissão durante a ditadura civil-militar.

“AI 5 - O Dia Que Não Existiu”, de Paulo Markun, resgata a história de uma marcante sessão do legislativo brasileiro que abriu as portas para que o Ato Institucional de número 5 fosse assinado no dia 13 de dezembro de 1968, quando iniciaram-se os anos de chumbo da ditadura brasileira.

O documentário “Aconteceu Bem Aqui”, de Camilo Tavares, autor de “O Dia Que Durou 21 Anos”, também faz parte da programação ao retratar lugares simbólicos da cidade de São Paulo que ficaram marcados na luta pela preservação da democracia e dos direitos humanos.

Por fim, o longa “Entre Imagens (Intervalo)”, de André Fratti Costa e Reinaldo Cardenuto, percorre as obras e pegadas de Antonio Benetazzo, resgatando a trajetória e memória do artista e militante precocemente assassinado por agentes da ditadura civil-militar brasileira. O filme visita um passado ainda pouco esclarecido, marcado por mortes físicas, simbólicas e culturais.