I entrevista do mês da Visibilidade Lésbica

Em homenagem ao dia do Orgulho Lésbico, 19 de agosto e ao dia da Visibilidade Lésbica, dia 29 de agosto, a CADS preparou uma série de entrevistas que contarão um pouco da história de mulheres que, de alguma forma, contribuem com a questão da visibilidade.

Entrevista:

Adriana Simone da Silva, 39 anos, conheceu os grupos Corsa e Caehusp - organizações voltadas para o seguimento LGBT -, no ano de 1997. Ela foi incorporada a esses grupos através de seu trabalho: divulgar produtos relacionados a bandeira do arco-íris. “Foi o dia mais feliz da minha vida, não se tratava apenas de vendas, eu queria conhecimento e queria me reunir com outras pessoas para lutar pelos meus direitos”, afirmou Adriana. Atualmente é conhecida como Adriana da Acessórios Arco-Íris, nome da sua loja que está localizada na rua Vitória, região central de São Paulo.

Ser lésbica ontem e hoje:
 
“Quando eu era menor de idade eu precisava pegar o documento da minha irmã, que é mais velha, para conseguir entrar nos locais onde os gays se encontravam, e eram poucos os lugares. Hoje em dia a coisa está mais fácil, algumas baladas já possuem uma programação específica para o público mais jovem, as matinês”.
Adriana conta ainda que nunca teve muitos problemas em se assumir lésbica, disse que sempre foi uma pessoa “visível”, pois sempre deixou claro do que gostava. Em sua casa foi a mesma coisa, todos sempre souberam de sua orientação sexual. Segundo ela a ‘aceitação’ foi mais fácil devido a sua independência. “Comecei a trabalhar muito cedo, conquistei minhas coisas com muita luta, isso fez com que minha família me desse abertura para ser o que eu bem entender”.
Em sua loja não é raro encontrar meninas com menos de 18 anos e assumidas, para ela o Brasil melhorou muito na questão da visibilidade lésbica, mas ainda falta muito para ser atingido.

A militância:

Depois que conheceu grupos que agiam em prol do segmento, Adriana começou a militar pela visibilidade lésbica, além de participar ativamente nesses grupos ela ainda trabalhava em sua loja, com produtos criados especialmente para o segmento. “Visibilidade é poder mostrar quem você é de verdade, mostrar para os políticos que nós precisamos de espaço, leis que garantam nosso conforto e felicidade. Poder andar nas ruas de mãos dadas com quem nós gostamos, ter leis nacionais, quero poder ir para outros lugares do Brasil e ter meus direitos garantidos, ser uma cidadã lésbica que goze de todos os meus direitos”, declarou Adriana.
No momento ela não freqüenta esses grupos por conta de sua vida agitada e do trabalho com a loja, o tempo fica escasso, mas diz que a nova geração está dando continuidade a um trabalho que já foi começado. “Esse é o objetivo da visibilidade, as pessoas precisam se unir, não se deve fazer divisões de quem é gay, lésbica, transgênero, bissexual. Devemos lutar como seres humanos que se amam, uma andorinha só não fez verão”, finalizou a dona da loja.

Lembrança:
 
“Um momento que me marcou muito foi em uma das paradas do orgulho gay no Rio de Janeiro, no ano passado. Eu estava andando quando me deparei com duas mulheres já idosas, elas estavam de mãos dadas, no meio da parada, sorrindo e bem felizes. Eu não perguntei se elas estavam juntas, como casal, porque para mim nem precisava, aquela cena foi linda, vou lembrar para sempre de seus rostos, da expressão de felicidade em seus olhares”.
 
Confira as outras entrevistas: Cida Araújo, Anita Costa Prado, Marisa Fernandes e Dri Quedas.