VII Entrevista do Mês da Visibilidade Lésbica

Regina Takeo, que hoje está na Secretaria da Cultura, já trabalhou na Cads desenvolvendo projetos para o público GLBTTT. Ela elaborou muitos trabalhos ligados a visibilidade lésbica, com uma proposta de levar informação até as mulheres, uma forma diferenciada de abordar assuntos delicados e de muita importância, como DST - doenças sexualmente transmissíveis -. “Até hoje encontro pessoas que se lembram dos trabalhos que nós fizemos. Através deles conseguimos avisar o segmento que existe um órgão público que trabalha para nos auxiliar”, comentou Takeo.


Ser lésbica ontem e hoje:


“Hoje em dia a coisa já está digerida, a luta dos militantes deixou um caminho aberto para essa nova geração”, afirmou Takeo após ser questionada sobre como era ser era lésbica anos atrás e como é ser agora. Segundo ela, hoje em dia olhamos para duas meninas na rua e muitas vezes podemos definir se são lésbicas ou não, no passado isso era muito difícil, já que o preconceito era bem maior, as pessoas não se assumiam com a freqüência que vemos hoje. “Já precisei correr muito da polícia, antes nós tínhamos medo de nos expor nas ruas, já vi muita gente apanhando por ser homossexual”.


A militância:


“Nunca fui militante, fiz trabalhos que ajudaram a população GLBTTT quando atuava pela Cads, estive a frente de muitos projetos, mas não me considero militante. Hoje em dia luto contra o preconceito, não contra um preconceito específico, mas contra qualquer forma, relacionado a qualquer segmento”. Para ela, atualmente, a luta em prol do segmento deve ser feita de forma mais direcionada, como por exemplo, na busca por leis que auxiliem as lésbicas, como um tratamento médico específico para casais de lésbicas, casamento civil e direito à adoção. “A busca pela visibilidade lésbica é essencial para mostrar que nós não somos invisíveis, nós lésbicas queremos os mesmos direitos que as pessoas heterossexuais possuem”.


Lembrança:


“Em um dos trabalhos que desenvolvi pela Cads elaboramos uma cena, como se fosse teatro, levamos duas mulheres vestidas de harikrishna para dentro de uma casa noturna para lésbicas. Elas entravam falando e o som da casa ia diminuindo, era tudo combinado. Nessa hora as mulheres que assistiam a cena comentavam entre elas: ‘o que elas fazem aqui?’, ‘devem estar perdidas’, ‘ninguém avisou a elas que aqui é uma casa para lésbicas?’, ‘vão vender incenso’. E isso tudo me tocou muito, porque as próprias mulheres que sofriam preconceito por serem lésbicas, estavam agindo de forma preconceituosa, uma situação muito contraditória”.

Para Takeo a única forma de se acabar com o preconceito é combatendo os nossos próprios preconceitos.