Ato reúne representantes de diferentes credos pela paz e contra a intolerância religiosa

 


Com o Hino Nacional executado ao som de atabaques pelo Grupo de Corimba, da Associação Voz dos Tambores, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania promoveu na noite de segunda-feira (21) o Diálogo Nacional de Combate a Intolerância, com a participação de representantes de diferentes credos religiosos.

O ato celebrou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e o Dia Mundial da Religião, comemorados em 21 de janeiro, ressaltando a importância de consolidar uma cultura da paz. A intolerância afeta praticantes de diferentes religiões ao redor do mundo; no Brasil, os credos mais perseguidos são os de matriz africana, com muitas das tendas e terreiros invadidos e depredados.

Com referência aos marcos comemorados durante o ato, a secretária executiva adjunta de Promoção da Igualdade, Elisa Lucas Rodrigues, disse que além de alertar para a intolerância as datas são também um marco pela liberdade religiosa. Ela relembrou que o Dia Nacional contra a Intolerância Religiosa foi instituído em memória de Gildaia dos Santos e Santos, a mãe Gilda, do terreiro Axé Abassa de Ogum, de Salvador, Bahia, que morreu vítima de um infarto, em 21 de janeiro de 2000, depois de ter sua casa invadida, ser agredida física e verbalmente, e ter o terreiro depredado.

Já o Dia Mundial da Religião teria sido instituído em 1949, durante uma assembleia religiosa dos Bahá’í – religião monoteísta, fundada na Pérsia em meados do Século XIX – com o objetivo de incentivar a tolerância entre os diversos credos religiosos, uma vez que muitos conflitos (como ainda acontece atualmente) tiveram origem em desavenças de caráter religioso.

Para a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, é absurdo que em pleno Século XXI ainda seja necessário um dia nacional para combater o ódio e a intolerância. A secretária destacou que os índices de intolerância religiosa aumentaram nos últimos anos, relembrando a existência de uma onda persecutória atual e afirmando ser papel da secretaria garantir os direitos de todos para que eles sejam respeitados.

A cerimônia contou com a participação da monja Heishin Granda, da Comunidade Zen Budismo; de Julia Nezu, da Unidade das Sociedades Espíritas de São Paulo; do babalorixá Francisco de Oxum, do Instituto Afroreligioso (Camdomblé); de Raul Meyer, diretor da Federação Israelita; de Vahid Jahdat, representante da Fé Bahá’í; de pai Erick Padovani, da Tenda Cabocla Jacira, Ogum Matiná e Mãe Oxum (Umbanda); do sheik Mohamad Al Bukai, diretor da União Nacional das Entidades Islâmicas; e do Padre Enes de Jesus, coordenador da Pastoral Afro (Igreja Católica). A mesa que dirigiu os trabalhos teve a participação de Raphael Buongermino, diretor do Departamento de Educação em Direitos Humanos. Juliana Ogawa, da OAB, também participou da cerimônia.

O delegado e professor Cléber Henrique, da Academia de Polícia (Acadepol), proferiu uma palestra sobre os avanços da legislação que pune os crimes de racismo e de perseguição religiosa, desde a instituição da Lei 7.716/1989 à Lei 11.635/2007, a mais recente em vigor. Segundo ele, houve muitos avanços no decorrer dos últimos 29 anos e se faz necessário substituir o papel de vítima pelo de protagonista na defesa dos direitos conquistados. A cerimônia foi encerrada com uma apresentação de capoeira por integrantes da ONG Anjos do Sol, presidida por mestre Tico.