Jovens encontram no Bolsa Trabalho novas oportunidades

O auditório da Prefeitura de São Paulo reuniu na manhã desta sexta-feira (26) cerca de uma centena de jovens para participar da cerimônia de entrega de certificados para a turma do primeiro semestre do Programa Bolsa Trabalho – Projeto Juventude, Trabalho e Fabricação Digital. Além dos formandos, estavam presentes amigos e familiares.

A iniciativa conjunta das secretarias municipais de Direitos Humanos e Cidadania, Desenvolvimento Econômico e Trabalho e Inovação e Tecnologia formou 80 jovens bolsitas – a grande maioria moradores da periferia da cidade e todos de famílais de baixa renda.

Os jovens bolsistas participaram durante o primeiro semestre de oficinas com 248 horas de duração, nos 12 Fab Labs de São Paulo – que são espaços de inovação e tecnologia da Prefeitura localizados em várias regiões da cidade – e também de palestras sobre direitos humanos, visitas à empresas e a serviços públicos de intermediação de empregos e empreendedorismo.

Jovens como Rebeca Rocha Farias, de 18 anos, que mora em Cidade Tiradentes, zona Leste da cidade, e que participou do programa com uma turma de 10 bolsitas. “Aprendemos a utilizar as máquinas de fabricação digital, usar cortadora a laser e fazer projetos. Aprendemos ainda várias coisas sobre os direitos humanos, racismo e muitos outros temas. Eu gostei de participar porque aprendi muito e também porque era muito tímida e com a participação nas palestras e amizades que fiz me sinto mais solta”, afirma.

“Estou muito feliz”, disse aos jovens a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania Berenice Giannella. “Vocês são o futuro do Brasil e a gente tem trabalhado muito na Secretaria de Direitos Humanos para poder propiciar a vocês uma abertura de mundo, com as mudanças todas que têm acontecido e para que vocês se acostumem a elas e sejam os seus protagonistas”. Giannella disse que o programa é um exemplo do que pode ser feito quando as secretarias trabalham em conjunto. Ela anunciou que a turma do segundo semestre do Bolsa Trabalho conta com 100 jovens inscritos.

Como explicou a secretária, a seleção para o programa é feita sob critérios que abarcam todos os públicos: pessoas com deficiência, LGBTI, jovens que estão cumprindo medidas socioeducativas e de semiliberdade na Fundação Casa, ou que estão em centros de acolhimento. São pessoas, afirma, que merecem uma atenção especial da Prefeitura de São Paulo.

Entre os 80 formandos, 20 já conquistaram vagas de emprego e entre os jovens nove estavam sob medida socioeducativa em regime semiaberto da Fundação Casa ou do Saica – Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes. A secretária de Direitos Humanos e Cidadania destacou esse aspecto. “Dos jovens que estão em semiliberdade e liberdade assistida nós tivemos a extinção de 26 medidas educativas durante o curso. Vou dizer o mesmo que eu dizia aos meus meninos da Fundação Casa, ‘nunca mais quero ver vocês aqui’ (brincou), cresçam com essa oportunidade que a Prefeitura está dando para vocês”.

A jovem Jéssica Sousa Nunes da Silva foi oradora da turma. “No início de tudo, eu me interessava mais pela área de tecnologia digital. A partir das primeiras aulas passei a ouvir mais sobre direitos humanos”. Silva afirma que no início mais ouvia do que falava, mas que a partir das palestras de direitos humanos se sentiu mais a vontade para questionar. “Fui ficando mais solta e com vontade de saber sobre os nossos direitos”. Ao final de sua intervenção, a jovem bolsista leu uma poesia de sua autoria sobre a passagem do tempo.

O prefeito Bruno Covas destacou a união de esforços em torno dos projetos da Prefeitura. “O programa é inovador em primeiro lugar porque juntou três secretarias para que ele saísse do papel. Os problemas não são apenas de uma só área, mas necessitam da participação de várias secretarias. Essa é uma cultura nova que estamos implantando de que as secretarias possam se juntar para que a ação seja mais efetiva. Afinal de contas, o programa não é de secretaria a ou b, mas pertence à cidade. É preciso a união das secretarias porque só assim podemos ter políticas públicas eficazes e eficientes”, disse.

Covas também destacou a importância de ter um equipamento “maravilhoso como os Fab Labs”, mas que não adianta apenas a sua existência se ele não for utilizado para transformar a realidade. “A preocupação principal de um gestor público deve ser a de diminuir a distância social. Não adianta fazer obra ou deixar limpas as áreas ricas da cidade se não atuamos para fazer aquela que é a principal ponte ou viaduto a ser construído por um político, que é diminuir a distância entre os mais ricos e os mais necessitados”, afirmou.

A secretária adjunta de Inovação e Tecnologia Marina Sampaio, por sua vez, disse que “é uma grande satisfação ver os 12 Fab Labs serem ocupados a cada semestre por turmas de 100 jovens maravilhosos e interessados em aprender”. Outra coisa que é motivo de orgulho para a secretaria, segundo ela, é o fato de poder desenvolver projetos que dialoguem com as realidades das comunidades e de saber que os bolsistas não recebem apenas capacitação técnica, mas também aprendem a se comunicar de forma não violenta e abordar questões de gênero e raça. “Enfim, temos a convicção de estarmos dialogando com vocês e criando capacidades para tornar São Paulo uma cidade cada vez menos desigual”, completou.

Aline Cardoso, secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, reconheceu que é complicado para os jovens conseguirem no atual momento o primeiro emprego e a ingressar no mercado de trabalho. A situação faz com que os jovens, segundo ela, “acabem ficando com medo, que a família começe a comentar, que a ansiedade e as dúvidas aumentem”. Mas, disse também que há novas oportunidades para os participantes do programa e que eles devem aproveitar por meio do aprendizado da fabricação digital, que abre pontes para que eles possam se aprimorar em outras áreas da tecnologia.

“Muitas profissões estão desaparecendo mas outras estão sendo criadas e vocês podem ter oportunidade de ocupá-las. A área da tecnologia em São Paulo busca muito a diversidade, converso com muitos diretores de empresas, gestores de RH e eles dizem: - queremos trazer para o mundo da tecnologia mais mulheres, mais negros, mais pessoas com deficiência - falam que para essas áreas é necessário criar saídas – porque tecnologia é buscar saídas para resolver problemas – então, eles perceberam que quanto mais misturar pessoas com histórias diferentes e capacidade de enxergar o mundo por ângulos diferentes mais vão conseguir soluções”, afirmou Aline.

Para Henrique da Silva Pires, jovem de 16 anos, do Parque Anhanguera, o programa abriu portas que ele desconhecia. “Eu aprendi muito com o programa Bolsa Trabalho. Ele abriu minha visão para muitas coisas”, afirmou. Ele ressaltou o fato também de ter conhecido novos amigos. “É muito bom que outros jovens de São Paulo tenham a oportunidade que eu tive. Vai ser muito importante para a minha vida. É muito bom saber que nós jovens negros da periferia temos essa chance de poder contribuir para mudar o mundo”, disse o jovem.

Os jovens também aproveitaram a campanha de vacinação da Prefeitura para se imunizarem contra o sarampo, na saída do evento.

O Bolsa Trabalho

O Programa Bolsa Trabalho é regido pela lei 13.841, de 7 de junho de 2014, e possui 220 bolsistas em dois projetos. O Juventude, Trabalho e Fabricação Digital é realizado em parceria com as Secretarias de Direitos Humanos e Cidadania e de Inovação e Tecnologia; e o projeto Luz, Câmera, Ação Social, em parceria com o Instituto Criar de TV e Cinema.

As bolsas variam entre R$ 516,47 e R$ 1.147,70 de acordo com a carga horária de atividades. É necessário que os alunos comprovem frequência mínima nas oficinas de 85% nas aulas para receber o benefício.

Para participar do programa Bolsa Trabalho, o jovem deve ter entre 16 e 20 anos, estar desempregado, residir no município de São Paulo, pertencer a famílias cuja renda por pessoa seja equivalente ou inferior a meio salário mínimo e estar matriculados em cursos vinculados ao sistema nacional de ensino ou ter concluído o ensino médio, inclusive profissionalizante. As inscrições são semestrais e divulgadas no site www.prefeitura.sp.gov.br/desenvolvimento

Sobre o Fab Lab Livre SP

Uma das maiores redes de laboratórios públicos de fabricação digital da América Latina, o programa Fab Lab Livre SP é inspirado na filosofia da cultura maker ou “faça você mesmo”. São espaços colaborativos e criativos, totalmente gratuitos, onde o cidadão possui acesso livre, por meio de tecnologia de ponta, para desenvolver ideias e projetos. Os cursos e oficinas permitem a criação de quase tudo, de uma pequena escultura a um drone, robô ou prótese. São mais de 30 tipos de formações sobre temas como modelagem 3D, robótica e marcenaria, eletrônica e fabricação de projetos. São equipados com impressoras 3D, cortadoras a laser, plotter de recorte, fresadoras CNC, computadores de software de desenho digital CAD, equipamentos de eletrônica e robótica, além de ferramentas de marcenaria e mecânica. Conheça mais sobre os 12 laboratórios dispostos na Capital em www.fablablivresp.art.br.