Participantes do Transcidadania recebem kits profissionais de beleza

 

Em cerimônia com clima de descontração, foram entregues nesta segunda-feira (29) kits profissionais de beleza para 20 pessoas trans que participaram de cursos realizados nos Centros de Cidadania LGBTI, pelo programa Transcidadania.

A cerimônia aconteceu na sede do Sebrae, no centro de São Paulo, e incluiu a entrega de um certificado de participação em oficina de empreendedorismo dado pela instituição para complementar o curso e orientar as participantes em suas atividades profissionais.

O Transcidadania tem como proposta fortalecer as atividades de colocação profissional, reintegração social e resgate da cidadania para mulheres transexuais, homens trans e travestis. Ele oferta condições de autonomia financeira, por meio da transferência de renda condicionada à execução de atividades relacionadas à conclusão da escolaridade básica, preparação para o mundo do trabalho e formação profissional e cidadã.

Paula Rocha, bolsista do Transcidadania e que já participou de outras ações do Programa, agradece: “Eu sou muito grata pelo Transcidadania, tem me ajudado muito. Esse kit significa uma melhora no desempenho da minha função, com ele vou conseguir ter minha renda extra e me organizar muito melhor na minha profissão e em projetos futuros.”

Os kits profissionais foram adquiridos graças a uma emenda aprovada na Câmara Municipal pela então vereadora e atual deputada federal Sâmia Bonfim.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, destacou a importância de todos os parceiros e da emenda parlamentar que propiciou a aquisição dos kits profissionais. Ela deu parabéns, desejou sucesso às pessoas trans agraciadas e elogiou a equipe da Coordenação de Políticas LGBTI e a todas as pessoas que trabalham e participam do Transcidadadania. “Para que as políticas públicas aconteçam basta um pequeno esforço de diferentes instituições. A gente tem que trabalhar sempre de forma suprapartidária para dar dignidade e oportunidade para a população que mais precisa”, disse. “Tudo isso faz parte de um conjunto de ações para que elas possam ter dignidade e trabalho”, completou.

Waletina Correia Diniz foi a primeira a receber o Kit que deve proporcionar o primeiro impulso à carreira profissional das pessoas trans que concluíram os cursos. “Eu quero agradecer ao Sebrae pela oportunidade, ao programa Transcidadania, do qual sou beneficiária, e também todas as chances que as pessoas estão nos dando de reconhecimento de que todas somos capazes de ir atrás do que desejamos”, disse Diniz ao receber o kit da secretária Berenice Giannella.

Uma oportunidade

Cada kit contem uma mala de alumínio profissional de maquiagem e os seguintes equipamentos: chapinha; máquina de cortar cabelo; secador de cabelo; tesouras profissionais; materiais para sobrancelha; capa de nylon; escovas profissionais térmicas; kit tintura (bacia, escova, pente, ferramenta de matiz e touca para mechas); kit de maquiagem (paleta de sombras e de corretivo, lápis para sobrancelhas e para olho, máscara de cílios, paleta de blush facial, 4 tons de batom, encurvador de cílios, rímel para cílios, estojo com 12 pincéis, pó compacto em 3 cores, base líquida em 3 cores e esponjas de aplicação de maquiagem).

“Anos atrás as atividades de beleza não eram regulamentadas como atividades profissionais, então, agora que são nunca foi tão necessário conscientizar essas alunas sobre a importância de se formalizar. Trabalhar de acordo com a legislação é sinônimo de crescimento profissional e garantia de direitos”, explica Paulo Henrique de Oliveira, gestor do Programa de Beleza do escritório centro do Sebrae.

A deputada Sâmia Bonfim disse porque apresentou a emenda parlamentar. “O programa Transcidadania é um dos mais bonitos que conheci, acho que ele deveria ser implantado em nível nacional ou ser replicado em outras cidades e estados, porque ele forma, dá oportunidades e capacita as pessoas trans para o mercado de trabalho. Por isso que, quando tive oportunidade de destinar a emenda, eu não pensei duas vezes porque eu conheço o programa e confio e sei o quanto ele pode transformar a vida para sempre. A população trans é muito marginalizada, não tem oportunidade de emprego, a maioria é expulsa de casa e da escola. O transcidadania vem na contramão dessa lógica de exclusão”, afirmou.

O coordenador de Políticas LGBTI, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Ricardo Dias, ressaltou a união de esforços e anunciou os planos que vem pela frente. Citando a presença do coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual do Governo do Estado Marcelo Galego, ele falou sobre parcerias e destacou o empenho da Prefeitura de São Paulo. “Na Secretaria, eu tenho presenciado os esforços da secretária Berenice Giannella e do prefeito Bruno Covas para a gente conseguir tudo o que temos lutado”.

Dias anunciou que a coordenação tem se empenhado para conseguir novas emendas parlamentares para desenvolver a programação da pasta que inclui um curso de gastronomia, o desenvolvimento do projeto Diversidade nas Praças, para levar cultura e diversidade a todas as regiões da cidade, a retificação de nomes sociais, com prioridade para participantes do Transcidadania e gratuidade de custas cartorárias, e o casamento igualitário que deve ser promovido com o Governo do Estado para aumentar o número de casais. Em dezembro deste ano, a intenção é ampliar a Caminhada da AIDS que faz parte do calendário de eventos da cidade.

Histórico do Programa Transcidadania
O Programa Transcidadania foi iniciado como POT – Programa Operação Trabalho LGBT em 2008. Mulheres transexuais e homens trans assistidos recebem atualmente R$ 1001,70 de auxílio mensal durante a participação das atividades nos quatro Centros de Cidadania LGBTI, vinculados à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

Outro objetivo do Transcidadania é o aperfeiçoamento institucional, no que tange à preparação de serviços e equipamentos públicos para atendimento qualificado e humanizado. Cada beneficiária (o) recebe acompanhamento psicológico, jurídico, social e pedagógico durante os dois anos de permanência no programa.

O projeto é realizado por uma parceria entre a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET).

Inscrição
Os interessados em participar do programa devem ir a um Centro de Cidadania LGBTI para se inscrever, com comprovante de residência, CPF, RG e Carteira de Trabalho e Previdência Social em mãos.

Além disso, os participantes devem ter mais de 18 anos; residir na cidade de São Paulo; estar desempregado há mais de quatro meses e não receber outros benefícios (seg. desemprego, FGTS, etc.) ou não ter acumulado, nos últimos 18 (dezoito) meses, mais de 3 (três) meses de registro, consecutivos ou não, na referida carteira profissional e ter renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa da família.