Pílula EDH – Série Visibilidade é Cidadania (Tarso Brant)

 

 

Pílula EDH – Série Visibilidade é Cidadania

 

“Preconceito é preconceito em qualquer lugar”

 

29 de janeiro é o “Dia da Visibilidade Trans” no Brasil. A data foi instituída a partir de 2004, quando um grupo de ativistas formado por travestis, mulheres transexuais e homens trans participou do lançamento da primeira campanha contra a transfobia – “Travesti Respeito”, em pleno Congresso Nacional.

A campanha era promovida pelo Departamento Nacional de DST, HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, com o objetivo de ressaltar a importância da diversidade e respeito para o movimento T, representado por travestis e transexuais.

A data passou, então, a representar a luta cotidiana de travestis, mulheres transexuais e homens trans – especialmente as/os que se encontram em situação de vulnerabilidade – pela garantia de direitos e pelo reconhecimento da sua identidade.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, numa parceria entre a Coordenação de Políticas para LGBTI+ e o Departamento de Educação em Direitos Humanos, para reforçar a importância da data, irá lançar uma série de Pílulas EDH apresentando travestis, mulheres transexuais e homens trans que se sobressaíram em suas áreas profissionais.

O primeiro da série é Tarso Brant, nome artístico de Tarso Alexandre da Silva Borges, nascido em Belo Horizonte, aos 07 de fevereiro de 1993, e é ator e modelo brasileiro.

Tarso Brant é homem trans e ficou famoso nacionalmente após exibir sua transição de gênero abertamente em suas redes sociais. Tabu, na época, ele se viu convidado a participar de diversos programas de entretenimento e de debates para falar abertamente sobre o assunto.

Em 2017, Tarso auxiliou a escritora Glória Perez na criação de uma personagem trans para a novela “A Força do Querer”, da Rede Globo, que está sendo reexibida. Na trama ele interpretava um homem trans que auxilia uma das personagens em sua transição de gênero. A novela contou ao país um pouco do processo transexualizador pelo qual Tarso passou.

“Primeiro mudei a aparência, que era o que mais me incomodava. Depois apareceram outros questionamentos. Mudei de nome por causa de um processo de autoconhecimento do universo masculino”, disse à época em entrevista.

Para ele, “preconceito é preconceito em qualquer lugar. Não tem diferença entre a cidade grande e o interior. Nunca fui chacota, mas sempre fui muito questionado”.

Tarso Brant é um verdadeiro multimídia. Já atuou em telenovelas como “A Força do Querer” e “Verão 90”. No teatro fez “A casa da mãe Joana”, “Uma Linda KuaZe Mulher” e “Mamãe Voltou”.

 

Tarso, gentilmente, cedeu uma entrevista ao Espalha EDH:

 

Espalha – Como foi para você passar pelo processo transexualizador?

Tarso: Eu me identifiquei. Pra mim foi uma descoberta, foi um alívio muito grande eu poder me ver exteriormente da forma como eu me sentia no meu interior.

 

Espalha – Como foi a relação com sua família após assumir sua identidade de gênero?

Tarso: Minha família sempre foi muito tranquila, caso eles tivessem dúvidas acabavam me perguntando, após conversar entre eles. Eles nunca me repreendiam, nunca me deixaram em situações desconfortáveis, sempre me respeitaram muito. Foi um processo que só acentuou ainda mais o respeito que já existia.

 

Espalha – Ter uma identidade de gênero transgênero afeta no seu cotidiano, principalmente na questão profissional? Você já passou por discriminação?

Tarso: Eu tento reverter sempre qualquer situação que seja negativa ou que seja constrangedora a um ponto para não me afetar negativamente, eu não absorvo isso. Então já vivi situações constrangedoras, mas tendo em mente que eu sempre iria encontrar o meu espaço de alguma forma e aquelas situações eram necessárias de se vivenciar, a gente só aprende quando a gente vive as situações por completo, não só a parte boa delas.

 

Espalha – Qual a importância em se assumir como trans e firmar sua identidade de gênero perante a sociedade e o ambiente profissional?

Tarso: A importância de você se entender é, primeiro, maior do que você se assumir. Então tenha em mente que você não é obrigado a assumir nada, primeiro você tem que ter certeza do que você é e a partir disso assumir algo que você sente que é certo.

 

Espalha – Qual mensagem você gostaria de deixar para o Dia da Visibilidade Trans?

Tarso: Ser você, dentro de tudo o que você sente, pensa e precisa. Não importa o que as outras pessoas vão dizer, escute o que você tem a dizer sobre qual é a história que você pode contar. Apenas seja livre.