Nordestina, trabalhadora que desde cedo aprendeu a dar valor às suas raízes, defendendo os hábitos, costumes e tradições nordestinas no estado de São Paulo. Assim está descrito o perfil de Francis Bezerra em uma rede social. Ela, que com 75 anos é jornalista, escritora, ativista, cordelista e bacharel em Direito e estava radiante exatamente no dia da entrevista por ter tomado a primeira dose da vacina contra o coronavírus.

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, Francis Bezerra celebra as conquistas femininas e nordestinas em São Paulo. “Ao contrário de antigamente, em que as mulheres vindas do Nordeste iam praticamente só para as construções e cozinhas, hoje temos médicas, engenheiras, mão de obra especializada. As mulheres acordaram, porque o trabalho é a maior espada para a vitória. Aqui tem oportunidade e a mulher hoje em dia pode ser o que quiser”, afirma.

Francis dedica toda uma vida à causa nordestina. Já escreveu dezenas de livros sobre o Nordeste e literaturas de Cordel – outra paixão da maranhense. Atualmente está pesquisando dados de nordestinos ilustres e se define como uma “cachorra parida”, que protege a sua cria.

Ela chegou em São Paulo com três filhos pequenos e apenas 16 anos de idade. Foi assaltada na Estação da Luz e passou dias com fome e muita dificuldade para dar o que comer às crianças. Mas foi à luta, arrumou emprego escrevendo livros, reportagens e vendendo anúncios da revista Cruzeiro, para pagar as contas e a faculdade de Direito.

“A vida foi um desafio pra mim e digo: o sucesso pra qualquer mulher é encarar o trabalho. É doméstica, encare esse trabalho com força, seja a melhor. É numa obra, seja campeã. Você tem que ser boa em tudo que faz; isso faz a diferença”. Francis conta que tem o vício de trabalhar e mesmo quando está em sua chácara, onde está montando um museu nordestino, ela também faz canteiro de verdura, cuida do jardim, pega a inchada para carpir... “Eu tenho a eternidade pra descansar”, brinca.