Mulheres que inspiram - jornalista e ativista

Mulher paulistana, nascida na zona leste da capital, Sandra Maria Guilherme é chefe de família, jornalista e militante da questão racial e de gênero. Sua jornada de vida e luta passa pelo Tribunal de Justiça (TJ), onde exerceu o cargo de diretora. Foi uma das fundadoras da entidade nacional suprapartidária UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), onde com força e garra faz articulações na luta contra o racismo, sexismo, homofobia, intolerância e racismo religioso. Como jornalista, destacou-se ao acompanhar o processo dos policiais que assassinaram Robson de Oliveira e Luz em 1988. Esse foi o primeiro caso de condenação por tortura em São Paulo.

Ela entende que a existência do negro na nossa sociedade tem sido um processo, ora ruidoso, ora complacente, mas contínuo. A militante de 64 anos se dispõe a vivenciar constantes desafios.

“Eu me empenho em fazer a diferença mesmo quando o alcance não ultrapasse aquele que a cerca, e sigo sempre acreditando que a mudança poderá acontecer quando o desejo e os esforços se somarem ao coletivo.”

Qual mensagem você pode passar para as mulheres negras?

A chefe de família e mãe de três filhos é firme ao dizer que as mulheres negras precisam descartar o projeto da tríplice discriminação e demais estereótipos que as mulheres estão inseridas:

“A sociedade se alimenta dessa condição e nós, a todo momento nos valemos dela também como se nos fosse inata. Precisamos sim de autoconstrução com novas falas para mostrar ao mundo como é ser mulher e negra. Essa condição é ímpar.”

Ela ainda complementa deixando um recado importante e especial para todas as mulheres neste mês de março para que cada uma leve consigo nas suas lutas diárias: “A superação só será realidade quando as mulheres acreditarem em si mesmas e em sua independência, acreditarem que o poder vem do próprio espelho, mas não restam dúvidas de que o empoderamento emocional e profissional são fatores decisivos.”