Apesar de ser conhecido como o país do futebol, o Brasil mostra a cada dia que também é apaixonado por vôlei. O esporte, destaque nas últimas edições dos Jogos Olímpicos, possui diversas modalidades. Uma delas é o voleibol adaptado para idosos.

Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da terceira idade, o vôlei adaptado surgiu há 15 anos. Algumas adaptações chamam a atenção de quem assiste a uma partida da modalidade: no saque, a bola deve ser lançada e não pode ultrapassar a altura do ombro, para evitar lesões nessa região. Além disso, quem está na linha da frente, que fica próxima da rede, não pode saltar para pegar a bola. Outra adaptação foi feita para o fundamento da recepção: o jogador pode pegar a bola com as duas mãos, sem tempo limite para o que passe seja feito.

“Além de estimular a prática esportiva, essa modalidade aumenta a autoestima e o convívio entre as pessoas da terceira idade”, afirma a professora voluntária Maria Lúcia de Souza. Há seis anos dentro do universo do vôlei adaptado, Maria Lúcia chegou no início deste ano ao Clube Esportivo Municipal Ryuso Ogawa, localizado na Vila Guarani, zona sul de São Paulo. Atualmente, a voluntária treina 41 alunos com idade acima de 60 anos.

Questionada sobre a função terapêutica do voleibol adaptado, a professora Maria Lúcia citou um dos inúmeros exemplos que ela já presenciou nesses seis anos de experiência: “uma de minhas alunas estava passando por um problema familiar grave. Ela morava em Guarujá (litoral de São Paulo), mas mesmo assim começou a frequentar as aulas aqui. Foi nesse momento dentro do esporte, que ela encontrou forças para superar o problema familiar. Certo dia, os filhos dela vieram me parabenizar pela melhoria da mãe, pedindo para que eu continuasse fazendo esse trabalho com outras pessoas.“, relata.

Treinamento

Na Vila Guarani, os treinos acontecem duas vezes por semana, com duas horas de duração. Na prática, porém, os alunos sempre acabam ficando mais um pouco por vontade própria: “eles não faltam aos treinos. Muitos trazem os netos, que ficam sentados na arquibancada. Além disso, eles sempre querem treinar uma hora a mais por dia”, conta Maria Lúcia, cujo aluno mais velho tem 82 anos.

Saúde, bem-estar e qualidade de vida são alguns conceitos diretamente relacionados ao voleibol adaptado. Para reforçar tal filosofia, o Clube Esportivo Ryuso Ogawa também oferece exames de eletrocardiograma e medições de pressão arterial para garantir a prática benéfica da modalidade. A professora Maria Lúcia já presenciou casos em que alunos tiveram que voltar para casa antes das partidas porque não haviam tomado remédio para controlar a pressão: “eles ficam decepcionados, mas essa medida é para o bem deles”, esclarece.

O time da Vila Guarani disputa amistosos com equipes de outras cidades. Recentemente, o clube recebeu um convite para participar dos Jogos Regionais do Idoso (JORI), que acontecem nos dias 11 e 12 de julho, na cidade de Santana de Parnaíba.

Os interessados em praticar o vôlei adaptado precisam fazer avaliação física, além de ter carteirinha para participar das atividades de clubes municipais . No Ryuso Ogawa, as aulas acontecem nas segundas e quartas-feiras, das 10h às 12h. Os treinos são voltados para pessoas com mais de 60 anos. Além do clube na Vila Guarani, outras unidades também oferecem aulas de voleibol adaptado. Veja os endereços delas aqui.

História do Voleibol

A modalidade que deu origem ao vôlei adaptado, sentado e de praia surgiu em 1895. Criado por Willian George Morgan, diretor de Educação Física da ACM (Associação Cristã de Moços), o vôlei tem como objetivo ser um esporte sem contato físico entre os jogadores.

No Brasil, o voleibol começou a ganhar destaque na década de 1980. A geração de prata, formada por jogadores consagrados como Bernardinho, Montanaro e Bernard, contribuiu bastante para esse crescimento. O sucesso dos anos 80 culminou com o ouro olímpico nas Olimpíadas de Barcelona, disputadas em 1992. Tande, Paulão, Giovani e Marcelo Negrão foram alguns dos nomes do título de Barcelona.

A projeção internacional conduziu a modalidade para um crescimento interno. O campeonato nacional passou a chamar-se Superliga e hoje reúne alguns dos melhores atletas do mundo. Em âmbito internacional, a Seleção Brasileira Feminina foi campeã olímpica em 2008 e 2012. A Seleção Masculina de Vôlei foi campeã olímpica em Sidney (2004) e ficou com a medalha de prata nas duas últimas edições das Olimpíadas. Além das medalhas olímpicas, a equipe masculina é a atual campeã do Mundial de Vôlei.

Prática gratuita do esporte

A Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação oferece diversas opções para quem deseja praticar voleibol gratuitamente. Confira os endereços aqui.

Texto:

Juliana Salles - jsalles@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: Divulgação

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