Em finais de semana comuns, o Clube da Comunidade (CDC) Bento Bicudo é ocupado por centenas de jogadores de futebol de várzea. No último sábado (20), o visual estava um pouco diferente. Logo na entrada, crianças se divertiam em coloridos brinquedos infláveis. A poucos passos dali, música e confraternização movimentavam o outro lado do CDC, localizado no Piqueri, zona oeste de São Paulo. Somadas com as partidas de futebol, as atividades acima faziam parte da programação do Festival Preto e Branco, também conhecido como “Festa do 100 Querer”.

O nome original da confraternização não é uma coincidência. Os alvinegros do 100 Querer transformaram as cores da bandeira do time em um tradicional jogo de fim de ano. Em conjunto com o preto e o branco, o time da Vila Ida também carrega o lema “humildade, dignidade e amizade” na bandeira. Atualmente, a equipe é responsável pela gestão do espaço, juntamente com a Escola de Samba Pérola Negra e o Alviverde Futebol Clube. O secretário de Esportes, Celso Jatene, e o presidente da Escola de Samba Pérola Negra, Geraldo Bezerra, prestigiaram o festival.

“A intenção é colaborar com a comunidade local e ajudar em tudo o que pudermos, principalmente em projetos sociais para as crianças”, resume Flávio Pires, presidente do 100 Querer, clube com 40 anos de existência. Pires faz parte da equipe há 20 anos e assumiu a presidência do time em 2013.

Além do futebol, a atual gestão do CDC quer aumentar o número de atividades oferecidas no local para 2015. Uma parceria com o Instituto Passe de Mágica, idealizado pela ex-jogadora Magic Paula, já foi fechada. O objetivo é oferecer aulas de basquete no ano que vem. Já a Escola de Samba Pérola Negra ficou responsável pela dança e pela capoeira no clube da comunidade. Flávio também procura parceiros para promover aulas para deficientes físicos.

Reencontros e (re) inícios

Torcedor do Real Madrid, Júlio César dos Santos Macedo aproveitou o período que antecedia a partida entre o time espanhol e o San Lorenzo para se divertir no festival. Aos 15 anos, ele ainda não decidiu qual profissão seguir, mas já revela uma tendência: “acho que quero ser jogador de futebol”, conta o garoto, que também se considera corintiano. Enquanto não chega o momento de decidir o futuro profissional, Júlio César se diverte jogando futebol no CDC, já que ainda não atua por nenhum clube. “Jogo só para brincar mesmo”, completa. Além da festa do 100 Querer, Júlio ganhou mais um presente no sábado: a vitória do Real Madrid por 2 a 0, em partida válida pela final do Mundial de Clubes da FIFA.

Dentro do campo, os apaixonados pelo futebol de várzea se reuniam para uma das últimas atividades esportivas de 2014. Um deles era Alexandre Góes, meia-esquerda do União Marechal. O segurança saiu da Avenida São João, na Santa Cecília, para jogar: “A gente trabalha a semana inteira, então a gente quer um pouco de folga, pra se divertir um pouco”. Aquela tarde seria excepcional para o jogador: a ausência de um amigo de equipe faria com que ele atuasse na zaga.“Tem que ajudar”, explica Alexandre, que joga pelo União Marechal há sete anos.

O Festival Preto e Branco também é palco de reencontros. Ao chegar à comunidade Bento Bicudo, Ivan Alves logo se encontrou com os dois filhos e os três sobrinhos. Já na festa, o montador acompanhou as cinco crianças, para que os pequenos aproveitassem o escorregador, o pula-pula, a escalada e a piscina de bolinhas. Morador da Brasilândia, Ivan viveu no Bento Bicudo por aproximadamente dez anos. Na época, ele não jogava em nenhum time de várzea, mas sempre participava das festas sediadas no local.

Com mais de mil moradores, a comunidade Bento Bicudo terá novas confraternizações em 2015. “Teremos festas no dia das crianças também”, garante o presidente Flávio Pires, à frente da gestão do clube da comunidade há cerca de três meses.

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Texto:
Juliana Salles – jsalles@prefeitura.sp.gov.br

Fotos:
Francisco Pinheiro – fbpinheiro@prefeitura.sp.gov.br

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