Ele tem pouca idade. Tamanho também. Mas sua ambição e talento ultrapassam qualquer expectativa para um garoto de apenas 13 anos. Seu nome? Vinicius Espadas Brito. Seu esporte? O futebol. Sua posição? Volante ou, em outra linguagem, zagueiro/desarmador. Onde o descobrimos? No melhor campeonato amador para meninos dos 32 bairros da cidade: a Copa SP 14.

Com 32 quilos distribuídos em um corpo de um metro e 47 cmm, o menino pequeno e, aparentemente frágil, detém uma maturidade e força que coloca muito marmanjo no chinelo. Influenciado pelo irmão mais velho e toda família fanática pelo esporte, Vinicius tem mais que bom gosto no sangue: tem talento nos pés.

Quem mais acompanha o seu sonho é sua mãe Monica Espadas, 41. A vendedora é coruja, sendo capaz de levantar às quatro da manhã para vê-lo jogar. O pai, Itamar dos Santos, 38, por conta da agenda de trabalho não pode se desdobrar tanto. Mas, quando necessário dá dicas e conselhos para seu menino. Com toda razão, afinal ele faz parte de um time de várzea da região.

Vinicius e o atacante do Barcelona não são muito bons com as palavras, ou melhor, preferem evitá-las diante de pessoas desconhecidas. Mas quando entram em contato com a bola, apresentam habilidades de deixar qualquer escritor sem palavras. Essas características podem ser assemelhadas com a do seu ídolo, o argentino Lionel Messi.

Deixa o menino jogar, deixa o menino aprender

 

 

A rotina do jovem jogador é igual a qualquer garoto de sua idade. Comprometido com a escola, Vinicius cursa o nono ano- a oitava série.

Engana-se quem pensa que Vinicius sempre foi goleador no quesito notas. A mãe conta que seu caçula já deu muito trabalho nessa questão. Mas agora é tão esforçado que, no ano passado, conseguiu ser aprovado no terceiro bimestre.

Educação física é a disciplina que mais encanta o adolescente. Não é por menos, a partir dela é possível ter contato com uma de suas maiores paixões e interagir com seus colegas de classe- que elogiam o futebol de Vinicius, segundo o mesmo.

A melhora em seu comportamento escolar veio a partir do momento que o filho da Dona Mônica começou a freqüentar a escolinha de futebol “Bons de Bola”. Para fazer parte da equipe, os meninos têm que demonstrar mais do que habilidade com os pés- o boletim escolar deve estar exemplar. Cobrança da treinadora Adriana.

De segunda a sexta, o jogador do Sapopemba adentra os portões da escola a partir das sete horas da manhã e por lá fica até as três da tarde. Quando chega a casa, ajuda Dona Mônica com as tarefas do lar e tira a famosa soneca necessária para repor as energias. “Vinicius dorme bastante”, conta a mãe coruja.

Depois de cumprir suas obrigações, chega a fase mais importante do dia: jogar bola. Seja pelo vídeo game ou fisicamente, o menino passa a maior parte do seu tempo entretido no mundo “futebolístico”.

Vinicius não para. Após as atividades de recreação vêm às responsabilidades de um atleta: o treino. Das oito da noite até as onze, o incansável garoto está lá fazendo o que mais gosta.

Quando eu crescer serei...

“Não penso em outra profissão porque vou ser jogador de futebol. Essa é minha meta, meu sonho e vou realizá-lo”. Vinicius sabe muito bem o que quer para seu futuro. Nada de ser médico, advogado, jornalista ou qualquer outra profissão corriqueira do nosso cotidiano. Sua ambição é o campo. Seu escritório será as quatro linhas. Seu uniforme os calções, camisetas, meias e chuteiras.

Mesmo com toda a insistência da repórter para tirar uma possível aproximação com outra carreira, o menino que usa poucas palavras, é imbatível na decisão do futebol. Mesmo tão novo Vinicius sabe o que quer. Ou como diria sua mãe “ele é bem resolvido no que quer”.

O campeonato

A Copa SP 14 não é uma novidade em sua vida. No ano passado, na primeira edição, o garoto pode ter contato com essa iniciativa da Secretaria de e Esportes, Lazer e Recreação- a SEME.

A primeira experiência não foi tão agradável como tem sido essa. O time caiu nas primeiras rodadas, ficando na última colocação de seu grupo e com um saldo negativo de 11 gols. Algo para ser esquecido, principalmente por Vinicius.

Como tudo é feito de mudanças, 2015 foi uma página em branco para que o bairro escrevesse uma nova história. Episódio que o garoto pode participar mais uma vez e, assim, deixar um novo legado para os próximos anos- já que, pela idade, não poderá mais disputar a competição.

Ir para a final da série ouro e duelar pela taça em um dos maiores estádios do Brasil, o Pacaembu, não será possível por um pequeno tropeço: Sapopemba ficou entre as duas últimas posições da fase de grupos e foi, automaticamente, classificado para série prata da Copa SP.

A partir daí, a busca incessante seria a de ser campeão desse segmento da taça. Porém, Cidade Ademar apareceu no caminho e conseguiu eliminar por 2 a 1 o bairro da zona sudeste para a tão esperada final.

Se desesperar? Lógico que não! A vida é feita de outros troféus. Por isso, o time do menino Vinicius está pronto para se consagrar em terceiro lugar, dentro desta competição. E o garoto está confiante no resultado positivo para sua equipe.

Texto:Ludmilla Florencio - ljflorencio@prefeitura.sp.gov.br
Foto: Stephanie Frasson- sbffranco-prefeitura.sp.gov.br

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