Ele domina no peito, limpa a jogada e finaliza no ângulo. É goool! Café, o camisa 10 da seleção de Itaquera! Quando ele toca na bola, parece uma dança. Uma mistura de ginga, habilidade, talento e precisão. Nesse momento, peso e altura são meros detalhes. Sua maestria e competência fazem com que cada lance se torne único, uma verdadeira obra de arte.

“Primeiro foram as pipas, mas depois a bola o conquistou por completo! Desde os seis anos chegava em casa suado, marcado nas canelas e chuteira no pé! Fora quando jogava descalço aqui no prédio e voltava sem a ponta do dedão. Aos dez ou onze anos começou a treinar de verdade e desde então, não parou mais”, revela Cinthia Félix, mãe do jogador.

Corintiano, Eduardo Félix e Silva Garcia tem 13 anos e se diz fã de Cristiano Ronaldo, o CR7: “Ele faz lances bonitos , decide o jogo e não ter medo de ir pela frente.” Medo esse que o atleta também não tem. Eduardo Pacheco, um dos primeiros técnicos de Café, fala de suas habilidades com louvor: “Apesar da sua baixa estatura, é um jogador que consegue se colocar bem em campo. É rápido, habilidoso e tem boa visão de jogo.”

Dos companheiros de equipe, só elogios: “O Café pra mim é mais que um amigo, é um irmão. Excelente jogador, pequeno, mas tem força pra tudo. Tem compromisso, é engraçado e muito inteligente”, diz Luiz Felipe Matias, o Keke. Já para Henrique Silveira, sua autonomia chama a atenção: “Dentro e fora de campo ele é um moleque dedicado. Sempre corre atrás dos seus objetivos”. Cinthia completa: “Uma coisa que sempre marca o Eduardo é a independência, quando quer vai lá e faz! Não depende de ninguém não.”

Fora das quatro linhas, o jovem continua sendo o “capitão” Café. “Ele é educado, dedicado e persistente, um líder nato”, observa Ricardo da Mata, um de seus ex-treinadores. Pacheco completa: “Garoto exemplo, bem nos estudos e muito responsável como filho”. Cinthia acrescenta: “Ele tem uma personalidade forte, contesta, é reclamão. Mas tem um coração enorme e muito meigo”.
 

 

Ansioso, inquieto, apressado. Mas ao mesmo tempo, doce, gentil e sensato. Café é daqueles que une as pessoas, surpreende, sempre tem uma carta na manga. Não gosta de ficar parado, não gosta de “ser banco”, ele é presente, vive cada momento, quando entra no jogo, decide e faz toda a diferença.

Se não fosse atleta, o garoto revela que gostaria de morar nos Estados Unidos e estudar a língua inglesa. Para Cinthia, se o filho não estivesse no mundo do futebol não teria problemas: “Com certeza ele seria um comerciante, dono de fábrica, aquele que trabalha muito, mas ganha dinheiro. Chamamos ele aqui em casa de Tio Patinhas, sempre tem ‘din din’ ”. Ela ainda revela algumas curiosidades do futebolista: “Ele é meio sonâmbulo, e quando está com algum campeonato sempre fala e até joga dormindo. Muito zoador e curioso também.”

Além das pernas tortas, outras semelhanças impressionam: Café jogou no Botafogo (de Guaianases), é ambidestro e nasceu exatamente no mesmo dia que Garrincha, 18 de outubro (como o pai demorou a registrar, na certidão do ídolo consta 28 ao invés da data oficial).
E o mito renasce, no século 21, no corpo de um jovem garoto, de origem comum.

“Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés — um pé-de-vento!”
(Trecho do poema : O ANJO DAS PERNAS TORTAS – Vinícius de Moraes)

 

FICHA TÉCNICA

Nome: Eduardo Félix e Silva Garcia
Nascimento: 18/10/2001
Mãe: Cinthia, Analista de Acomodação Aérea
Pai: Paulo, Engenheiro Civil
Irmãos: Tem quatro
Sonho: Ser jogador de futebol
Inspiração: “Treinar e tentar fazer o melhor a cada treino e jogo.”
Time: Corinthians
Ídolo: Cristiano Ronaldo
Posição em que joga: Meia
Escola: 9º ano/8ªsérie
Se não fosse jogador, seria: “Eu não penso em outra coisa sem ser o futebol ainda, mas gostaria de estudar fora do país. Não sei a profissão que poderia ter”.
 

Texto e Fotos: Stephanie Frasson – sbffranco@prefeitura.sp.gov.br

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